Entrou em vigor nesta quarta-feira (6), à 1h01 no horário de Brasília, a tarifa adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos a uma ampla lista de produtos brasileiros. A medida afeta aproximadamente 36% das exportações do Brasil para o país norte-americano e impacta diretamente setores como café, carnes, frutas, pescados, máquinas agrícolas, calçados, móveis, vestuário e couro.
Segundo a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), cerca de 11 mil empresas exportadoras brasileiras de médio porte podem ser prejudicadas. A previsão é de que até 146 mil empregos sejam eliminados em dois anos, devido à perda de competitividade dos produtos brasileiros no mercado norte-americano.
Apesar do alcance da medida, o governo dos EUA manteve isenção tarifária para aproximadamente 700 produtos, como suco de laranja, aviões da Embraer, petróleo, veículos e peças automotivas. Esses itens representam cerca de 46% das exportações brasileiras aos Estados Unidos.
No Brasil, empresas de estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul anteciparam embarques para evitar a nova tributação. Na véspera da entrada em vigor da tarifa, um cargueiro decolou de Porto Alegre com 51 toneladas de produtos destinados ao mercado norte-americano.
No Rio Grande do Norte, a medida atinge diretamente setores estratégicos como o de sal marinho e pesca. O estado é responsável por 98% da produção nacional de sal marinho, sendo os EUA o principal destino de exportação, respondendo por 47% das vendas externas. Também no setor pesqueiro, cerca de 80% do atum capturado no estado é exportado para os Estados Unidos.
O governo federal ainda não anunciou um pacote formal de medidas emergenciais. A expectativa é que o plano de resposta inclua estratégias semelhantes às utilizadas durante a pandemia da Covid-19, com medidas setoriais adaptadas conforme o impacto da tarifa em cada área produtiva.