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The Year of Travel

                Em 11 de março de 2020, o surto de COVID-19, causado pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), foi caracterizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia,também conhecida como pandemia de coronavírus.

                As medidas preventivas para reduzir as chances de infecção, dentre muitas de higiene pessoal, incluíam vacinar-se, ficar em casa, usar máscara em público, evitar locais lotados, manter distância de outras pessoas, gerenciar possíveis durações de exposição.

                Com isso, as pessoas ficaram confinadas em suas casas, trabalhando em home-office, realizando suas atividades profissionais no ambiente doméstico, e por muito tempo. 

                Somente recentemente, depois de ficarem proibidas de viajar, agora, seguras de que não vão contrair o vírus, as pessoas querem sair pelo mundo, conhecer lugares, com alegria e gratidão por poderem desfrutar desse sopro de renovação, celebrando a mudança na própria vida e no relacionamento com aqueles que estão ao nosso redor, num fenômeno conhecido como “the year of travel” que, numa tradução rasteira, seria entendido como “o ano da viagem”.

                As pessoas querem se afastar desse período triste e que as manteve isoladas, querem viver, saudar e celebrar a vida. Aliás, diz a música “Viajar pelo mundo”: me abrace em Paris, me sinta em Roma, me faça dançar em New York. Se você é homem, fale comigo em Londres, me toque em Tokio. Eu não quero esperar, cair do topo… Eu quero viajar pelo mundo, com você. Me adore em Veneza, me acorde em São Francisco. Eu estou um pouco surpresa, que o mundo é lindo. Eu quero viajar pelo mundo, com você.

                E com essa liberação, a indústria do turismo, então combalida, iniciou sua recuperação em todo o mundo. As companhias aéreas e marítimas, os hotéis, os destinos mais procurados, que haviam ficado reprimidos pelas restrições da Covid-19, voltaram com toda a força, dando lucro. Estima-se que, com o retorno das viagens, o setor de turismo movimente cerca de 1,4 trilhão de dólares em 2023, 13% a mais do que em 2022.

                Infelizmente parece que o Brasil não vai aproveitar essa oportunidade. Na contramão do que se espera de uma gestão governamental eficiente, o Ministério das Relações Exteriores, sob o pretexto do princípio diplomático da reciprocidade, anunciou o retorno da exigência de visto para cidadãos dos Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália. Tal medida, caso não seja revista, entrará em vigor a partir de 1º de outubro. Se quiserem vir ao Brasil, os turistas desses países terão de comparecer aos consulados brasileiros, iniciar um processo burocrático, pagar uma taxa e serem aprovados.

                Muito embora esses países exijam vistos de entrada para os turistas brasileiros, não podemos deixar de pensar em termos econômicos. O Brasil, com toda a sua beleza natural e atrações, tem condições de atrair visitantes desses países, promovendo a criação de novos negócios, de empregos, muitos dos quais para a população de baixa renda e aumentando a receita das empresas que respondem por esse setor da economia. Recriar um obstáculo que havia sido abolido no governo anterior, parece-me caminhar na direção oposta, tornando mais difícil a competitividade numa indústria altamente disputada no mundo todo. Mas, como dizia o economista Roberto Campos: “O Brasil nunca perde a oportunidade de perder oportunidades”.

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