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Tragédia anunciada!

O Rio Grande do Sul está sofrendo uma tragédia tão grande como o Katrina para os Estados Unidos e tão violenta como o tsunami que abalou a Indonésia. E tudo isso porque, como a maioria das cidades brasileiras, as cidades gaúchas estão despreparadas para enfrentar chuvas extremas. As chuvas que atingiram os vales gaúchos foram tão intensas que já́ são consideradas a maior tragédia natural da história do Rio Grande do Sul.

E a culpa disso é do Estado, do Poder Público, que permite que as cidades cresçam sem planejamento urbano, sem considerar a geografia da região e seus níveis de vulnerabilidade diante das previsões climáticas, sem se preocupar com a preservação, ainda que mínima, da natureza. Não há manutenção de sistemas e percebe-se a ineficiência do Estado em lidar com a situação, visto que não existe plano de contingência para enfrentar temperaturas extremas adversas, quanto mais de emergência!

Ademais disso, a população também concorre para esse estado de coisas, jogando lixo nas ruas, nos bueiros, nos córregos, nos cursos d’água.

O fato é que as chuvas atingiram 417 dos 497 municípios do Estado gaúcho e já deixaram 100 mortos e mais de 230 mil pessoas desabrigadas, sendo que 1,45 milhão de pessoas já foram afetadas pela catástrofe.  

E em meio à busca e salvamento das pessoas, pelo menos 3.500 animais já conseguiram ser resgatados. Quase 20 mil bombeiros, policiais e agentes, trabalham sem parar para socorrer feridos e desabrigados. Não é somente por barco ou helicóptero que os resgates acontecem. Há quem realize os resgates andando por meio d’água.

E como o Estado não comparece, pelo menos até o momento em escrevia esta crônica, quer com recursos materiais, quer com pessoal, quer com dinheiro, voluntários estão presentes, trabalhando 24 horas por dia, para ajudar e socorrer as vítimas dessa fatalidade. Milhares de pessoas e comunidades estão empenhadas, solidariamente, em promover a esperança da sofrida população de que a situação irá melhorar. Contudo, a recuperação será longa e difícil para todos os envolvidos.

Por outro lado, pelo menos 1,6 milhão de pessoas, aglomerando-se na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, assistiram ao show da Madonna, a rainha do pop, que custou quase R$ 60 milhões de reais, contando o cachê e a estrutura. Desta quantia, R$ 10 milhões foram pagos pelo governo do estado do Rio de Janeiro, e R$ 10 milhões pela prefeitura da capital. O restante do montante partiu de empresas privadas. Foi esse dinheiro gasto pelo Poder Público que causou furor nas redes sociais, pois enquanto havia dinheiro para promover esse evento, não havia dinheiro e recursos materiais para socorrer as vítimas da tragédia do Rio Grande do Sul. Um show onde houve performance erótica com Madonna e Anitta, cheio de blasfêmias contra o que é considerado sagrado, um show em que a pop star, esquecendo-se de que estava se apresentando para um público predominantemente lgbtqia+, elogiou e glorificou Che Guevara, um matador, a sangue frio, de homossexuais. Um show que, além de atos que não o classificam para ser assistido por crianças e adolescentes e mesmo pela família, mostrou-se pornográfico. Mas que, forçoso reconhecer, nada trouxe de novo, que não exibir uma Madonna já conhecida por sua libertinagem no palco. Aliás, até agora não entendi porque não houve classificação etária para sua exibição.

Entretanto, quando a cabeça das pessoas é formatada pelas redes sociais, cria-se a impressão de que é necessário decidir entre uma coisa e outra. Ou Madonna ou Rio Grande do Sul. Não é assim. O maquiador de Michelle Bolsonaro, Agustin Fernandez, fã declarado de divas pop, foi ao show da
Madonna e doou R$ 200 mil para as vítimas da tragédia.

Com relação ao estado de calamidade do Rio Grande do Sul, a maioria de nós sentiu a dor dos compatriotas, muitos ajudando dentro do possível.

Mas, na era das redes sociais parece que ninguém mais erra, alegrias não são comemoradas apesar das lágrimas, não existe gente com desejos inconfessáveis, a frivolidade jamais fará parte da vida. Nega-se o que é profundamente humano.

É por isso que essa distinção precisa ser feita, até para mantermos a nossa sanidade!

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