Trump ataca exportações brasileiras com tarifa de 50% e abala setores como café, carne e frutas

Em uma medida de forte impacto econômico e geopolítico, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe uma tarifa de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros exportados ao país. A decisão entra em vigor no dia 6 de agosto e representa um aumento de 40 pontos percentuais sobre a alíquota anterior. Embora o documento traga uma lista com 700 exceções, setores-chave como o cafeeiro, o de carnes, frutas, calçados, têxteis e móveis serão duramente atingidos.

Com os Estados Unidos sendo o segundo maior destino das exportações do Brasil, atrás apenas da China, a nova política tarifária pode comprometer bilhões em receitas e milhares de empregos. Só o setor de café, por exemplo, exportou quase US$ 2 bilhões aos EUA em 2024. A carne bovina também será fortemente afetada, com perdas projetadas por grandes frigoríficos. As frutas brasileiras — como manga, uva, açaí e outras — perderão competitividade no mercado norte-americano, podendo resultar em retração nas vendas e prejuízo para pequenos produtores.

Alguns setores estratégicos escaparam da tarifação, como o aeronáutico, automotivo, energético e parte do agronegócio. Empresas como a Embraer e montadoras instaladas no Brasil foram beneficiadas com isenção sobre aeronaves, veículos e peças. Produtos como suco de laranja, madeira tropical, sisal e determinados insumos industriais também foram poupados, garantindo alívio parcial à balança comercial.

No entanto, o impacto geral é negativo, especialmente para setores intensivos em exportação e com baixa margem de lucro. A indústria calçadista e têxtil, que já enfrenta forte concorrência externa, não recebeu isenção e deverá sofrer com redução de vendas. O mesmo vale para os fabricantes de móveis residenciais e comerciais, exceto os destinados ao setor aeronáutico.

A justificativa do governo americano para a imposição da tarifa foi a declaração de uma nova emergência nacional, com acusações diretas ao governo brasileiro. Segundo o decreto, o Brasil estaria promovendo perseguições políticas, violações de direitos humanos e ataques à democracia. O texto menciona o ministro Alexandre de Moraes, do STF, como responsável por ordens judiciais contra empresas de tecnologia e comunicadores brasileiros no exterior.

Além da tarifa, o governo dos EUA revogou os vistos diplomáticos de Alexandre de Moraes, seus familiares e aliados, intensificando o clima de tensão entre os países. O episódio é visto por analistas como um marco nas relações entre Brasil e Estados Unidos, com possível impacto em acordos futuros, investimentos e cooperação econômica.

O governo brasileiro ainda avalia possíveis medidas de resposta, incluindo a contestação formal na Organização Mundial do Comércio (OMC). Economistas alertam que o cenário pode desestabilizar setores exportadores e prejudicar o crescimento econômico brasileiro em 2025.

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