Secretário de Segurança de Valinhos, Osmir Cruz, fala sobre sua experiência e as recentes implantações na cidade
Por Bruno Marques
3 de setembro – Dia do Guarda Civil, importante e indispensável agente público que atua tanto na questão da segurança, quanto na preservação do patrimônio da população. Em razão desta data, convidamos para esta entrevista alguém com vasta experiência em segurança pública.
Osmir Cruz é graduado em História, Filosofia e Teologia, doutor em Educação, mestre em História da Educação. Comandou a Guarda de Vinhedo por 11 anos, e foi secretário de Transportes e Defesa Civil da cidade vizinha de 2018 a 2020. Há dois anos, é secretário de segurança de Valinhos.
Quais similaridades você pode fazer entre as duas cidades na parte de segurança pública?
Ambas as cidades, até por conta dessa estrutura governamental, sempre pretendem e buscam dar uma resposta rápida à população em relação aos crimes.
Contando com uma grande graduação, além da experiência de atuação em segurança. Você utiliza esses conhecimentos na prática como comandante da Guarda?
Essa formação em Ciências Humanas contribui para você saber lidar com as pessoas.
E a recente decisão do STJ – Superior Tribunal de Justiça limitando o poder de atuação das Guardas Civis Municipais?
Essa decisão foi mais polêmica do que efetiva. É uma decisão que se refere à pessoa envolvida e o Judiciário. Ela não se torna lei. Então destaco que a Guarda Civil Municipal de Valinhos continuará fazendo o mesmo trabalho, agindo de acordo com o artigo 144 da Constituição Federal, e da Lei 13.022/14 que pressupõe essa segurança sistêmica da população.
Quando um guarda municipal está patrulhando uma rua, ele está fazendo a segurança daquele patrimônio. Então, a Guarda de Valinhos continuará a fazer seu trabalho, como sempre fez, há 39 anos.
Por favor, comente sobre a Lei Guardiã Maria da Penha e os treinamentos de defesa pessoal para mulheres, implementados recentemente pela Guarda.
O tema violência contra a mulher é bastante contemporâneo. E nós vamos nos adequando às necessidades que vão aparecendo. Então, tem sido um pedido da prefeita capitã Lucimara que nós investíssemos na segurança da mulher. Por isso, encaminhamos uma lei que cria, institucionalmente, a Guardiã Maria da Penha, no âmbito da Guarda Municipal. Nós estamos fazendo um acompanhamento diário na residência de mulheres que estão com medida protetiva.
Além disso, às quartas-feiras, temos oferecido um treinamento de defesa pessoal específico para mulheres. A ideia não é só empoderá-las, mas também dar mais segurança a elas.
E sobre a recente compra de armamentos não-letais adquiridos pela Prefeitura, ela veio antes do chamamento do concurso público da Guarda de 2019, o que tem a dizer sobre isso?
No ano passado fizemos um planejamento estratégico de aprimoramento de capacitação e readequação de algumas ações da GCM. Iniciamos a entrega de equipamentos não-letais (gás pimenta, granada de efeito moral e armas incapacitantes), e estamos treinando o pessoal que vai fazer o uso.
Também estamos inserindo alguns equipamentos letais novos que trazem um pouco mais de segurança para o guarda. Há ainda a questão do treinamento. Cada guarda tem que fazer, obrigatoriamente, curso de requalificação de 80 horas anuais. Fora o curso de formação inicial. Nenhuma instituição de segurança pública tem isso como obrigação. Nem a Polícia Federal.
Na questão do concurso, o comandante Inácio está na ansiedade de receber esses recrutas. É desejo da capitã Lucimara estender o efetivo, mas há todas as questões fiscais de verba pública. Por nós, já estariam nas ruas na Festa do Figo do ano que vem. Mas, há burocracias a serem ajustadas. O concurso tem validade, precisamos chamá-los antes, mas ainda não há data definida.
Qual sua opinião sobre o armamento pessoal do cidadão? Traria mais segurança, ou aumentaria a violência indiscriminada?
Para mim, deve ser uma decisão do indivíduo. Quem deseja ter uma arma em casa tem que passar por exames, tirar certidões, não é para qualquer um. A partir daí ela pode adquirir a posse, que é diferente do porte. Não vejo que isso seja um problema para a população.
Até o fim do ano, quais novas medidas que a Guarda pretende implementar na cidade? O que os valinhenses podem aguardar de novidade na segurança?
Agora a gente entra na preparação para a Operação Natal, que é um momento que despende um pouco mais de efetivo. Iniciamos também uma série de ações de prevenção, bloqueios e estreitamentos em alguns pontos específicos. Também estamos trocando nossa frota de viaturas.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) divulgou, recentemente, dados sobre os índices criminais do estado referentes ao primeiro semestre de 2022. Valinhos apresentou melhora em alguns crimes e piora em outros. Como você analisa essa oscilação?
Alguns desses crimes não têm ligação direta com a Guarda no sentido de prevenção. Outros têm a ver com questões passionais. Mas, queria destacar que estamos na fase de implantação de um centro de inteligência em Valinhos para monitorar todas as entradas e saídas da cidade. Então, estamos buscando modernizar. Várias cidades da região já têm e em Valinhos está sendo implantado agora. Já estamos com quatro pontos, fazendo a licitação de mais 16, e ainda devemos instalar quase mil câmeras em prédios públicos para monitoramento interno. E isso é coisa para agora, fim do ano, no máximo início do ano que vem.