Atleta deficiente auditiva representa o Brasil em Londres

Jovens surdos de diferentes países – incluindo a atleta brasileira Mariana de Mello, de 19 anos – participam de um encontro global, em Londres, entre os dias 9 e 11 de maio, para pedir aos líderes mundiais que priorizem um melhor acesso a cuidados de saúde auditiva para milhões de crianças em todo o mundo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 34 milhões de crianças vivem com perda auditiva incapacitante, e muitas não recebem cuidados de saúde auditiva e apoio. Isso pode levar a menor desempenho escolar, maior risco de abandono escolar e menor probabilidade de acesso ao ensino superior. Já no Brasil, estima-se que há mais de 10 milhões de pessoas com algum tipo de perda auditiva e quase 20 mil implantados.

No “Encontro Global: Alcance qualquer coisa” (Achieve Anything: Global Summit), realizada pela Fundação Cochlear, os cinco jovens selecionados como embaixadores de países como Brasil, EUA, França, Inglaterra e Índia vão encontrar modelos inspiradores de diversas áreas e participar da elaboração de uma declaração global sobre perda auditiva em crianças e jovens.

A Cochlear Foundation selecionou os jovens para participar do encontro como parte de seu programa “Achieve anything”. Eles foram escolhidos por terem histórias inspiradoras desde muito cedo, considerando sua trajetória de conquistas pessoais e, assim, inspirarem outras pessoas com perda auditiva a realizarem seu potencial.

Mais de 160 jovens de 35 países compartilharam suas histórias no programa.

 

Uma brasileira no Encontro Global

Uma das selecionadas foi a jovem atleta catarinense Mariana de Mello, embarcou no dia 7 de maio, em Curitiba, para participar do Encontro Global, em Londres. Mariana nasceu prematura, com seis meses, teve complicações ao nascimento e precisou ficar em uma incubadora por três meses.

A menina precisou tomar antibióticos para lutar pela vida, apesar do risco para a audição e visão. Ao deixar o hospital, foi diagnosticada com perda auditiva profunda aos quatro meses, após realizar um exame chamado BERA.

Com um ano de idade, recebeu o implante coclear, que permitiu que ela tivesse um desenvolvimento cognitivo e escolar satisfatório.

Hoje, como atleta de natação, Mariana coleciona medalhas de ouro no torneio paralímpico brasileiro, além de medalhas de prata no campeonato olímpico brasileiro. Ela também está estudando fonoaudiologia e apoia crianças na organização onde trabalha, treina e estuda, em Joinville (SC). Seu sonho é ajudar crianças que não têm acesso à terapia de fala, além de participar de campeonatos mundiais de natação. Em agosto deste ano, a nadadora irá disputar o Campeonato Mundial para Surdos, na Argentina.

“Meu nascimento já diz muito sobre minha história. Nasci prematura, tive uma série de complicações, morei na incubadora por três meses e tive a confirmação da perda auditiva após o teste BERA. Entrei na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para o implante coclear e, com um ano, consegui fazer a cirurgia”, relembra Mariana.

Importância do diagnóstico precoce

Após o implante, ainda bebê, Mariana iniciou o acompanhamento com um fonoaudiólogo. O diagnóstico precoce, aliado ao acompanhamento médico, permitiu que ela fizesse todo o período escolar sem a necessidade de um atendimento específico para acompanhar a turma.

Com dez anos, ela conheceu a natação por meio da Associação Paralímpica de Joinville. “O esporte mudou minha vida. A natação me traz paz. Entrei na expectativa de conhecer pessoas e experimentar outras vivências. Me senti bem desde o início, ao compartilhar histórias inspiradoras. A competição veio de maneira espontânea. Em 2018, conquistei o primeiro ouro, na PARAJASC”, conta.

A brincadeira virou coisa séria. Depois de participar e ganhar duas medalhas de prata no Campeonato Brasileiro de Surdo-Olimpíadas, Mariana percebeu que já era impossível dissociar a natação da sua vida. “O esporte abre portas para outras coisas boas. Hoje, estou muito orgulhosa da minha história de vida. Tudo foi caminhando como deveria, aos poucos, com paciência, leveza e dedicação. Sou muito grata por tudo que a natação me proporcionou”, diz.

Antes de se dedicar à natação, Mariana já sonhava em fazer faculdade de Fonoaudiologia. Atualmente, ela está no 3º período do curso. Seu objetivo é trabalhar com crianças que não tenham condições para pagar um acompanhamento adequado para a perda auditiva. “Reconheço o quanto o acompanhamento fonoaudiológico que tive impactou positivamente no meu desenvolvimento. Quero mostrar para muitas crianças e para os seus pais que os deficientes auditivos podem fazer tudo que desejam. Quero inspirá-los a correr atrás dos seus sonhos, com autonomia e qualidade de vida”.

Sobre a Fundação Cochlear – A Cochlear Foundation é uma organização sem fins lucrativos de saúde auditiva, apoiada pela Cochlear, que tem como propósito aumentar a conscientização sobre a perda auditiva e ajudar mais pessoas em todo o mundo a acessar o tratamento auditivo. Lutam por um mundo onde qualquer pessoa, em qualquer lugar com perda auditiva, possa viver uma vida cheia de oportunidades. Para alcançar este objetivo, a Cochlear Foundation avança na pesquisa em tratamento auditivo, incentiva o desenvolvimento de habilidades de profissionais de saúde e apoia os esforços da comunidade em direção à inclusão.

Leia anterior

Taubaté sedia a 7ª Edição da Semana da Arte do Vale do Paraíba

Leia a seguir

Networking impulsiona crescimento no mercado de software