Dr. Admar Concon Filho é cirurgião bariátrico, cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista
Você sabia que a cirurgia bariátrica também pode ser feita por pacientes com IMC (Índice de Massa Corporal) entre 30 Kg/m2 e 34,9 Kg/m2, que são aqueles com obesidade Grau 1? Mas, nesses casos, o objetivo principal não é a perda de peso, e sim o tratamento do diabetes tipo 2. A cirurgia, quando realizada com essa finalidade, tem o nome de cirurgia metabólica. Na prática, é o mesmo procedimento, mas como os objetivos principais são diferentes, ela é chamada de outra forma.
Há vários tipos de tratamentos para o diabetes tipo 2, que vão desde mudanças na alimentação, inclusão de atividades físicas e uso de medicamentos. E a cirurgia metabólica, já aprovada pelo Conselho Federal de Medicina, é um deles.
Diversos estudos, no mundo todo, comprovam que a cirurgia metabólica é muito eficiente no controle do diabetes, às vezes, até na cura. Os benefícios, muitas vezes, são notados logo nos primeiros dias após a cirurgia. Sabemos que um dos fatores de risco do diabetes tipo 2 é a obesidade, então, quando o paciente perde peso, já há uma tendência de melhora da doença. Mas o que percebemos é que a mudança metabólica causada pela cirurgia já melhora o diabetes antes mesmo de uma perda de peso significativa.
Isso porque a cirurgia metabólica provoca uma alteração de hormônios relacionados à obesidade e estimula a produção de substâncias que reduzem a resistência à insulina, além de preservar o pâncreas, que passa a produzir insulina de melhor qualidade.
Apesar de ser liberada para pacientes com IMC menor que os da cirurgia bariátrica (para a bariátrica, é necessário ter IMC a partir de 40 Kg/m2 ou de 35 Kg/m2 a 39,9 Kg/m2, desde que o paciente apresente doenças relacionadas à obesidade), a cirurgia metabólica também segue uma série de critérios internacionais.
Além do IMC, o paciente precisa comprovar a falta de resposta ao tratamento clínico para o diabetes com endocrinologista e ter idade entre 30 e 70 anos. Também é preciso ter menos de dez anos de diagnóstico de diabetes porque o pâncreas está mais preservado e os benefícios da cirurgia são maiores. Ainda é preciso seguir todas as outras regras internacionais exigidas para a cirurgia bariátrica, como acompanhamento de uma equipe multiprofissional (psicólogo/psiquiatra, endocrinologista, nutricionista, cardiologista, etc). A SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) está trabalhando para que a cirurgia metabólica entre no rol de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Complementar) para que ela tenha cobertura dos convênios médicos. Atualmente, apenas a cirurgia bariátrica é coberta pelos convênios.