O entrevistado ressaltou a potência da data como uma ferramenta para promover a igualdade racial
Por Gabriel Previtale
Em uma conversa importante e esclarecedora, o JTV teve a oportunidade de entrevistar Josué Roupinha Junior, Presidente da Associação Cultural Marcha Zumbi dos Palmares e Dandara de Valinhos, figura notável também no campo do jornalismo, educação e escrita. Josué compartilhou insights valiosos sobre a importância da Consciência Negra (20 de novembro) e os desafios que ainda persistem em nossa sociedade.
Josué iniciou a entrevista destacando a importância vital da Consciência Negra na sociedade atual. Para ele, não se trata apenas de celebrar a contribuição histórica da população negra, mas de enfrentar de frente o racismo estrutural que permeia várias esferas da vida cotidiana, desde a educação até o mercado de trabalho e a representatividade política. “Quem diz que é mimimi precisa se informar melhor. A Educação e a Informação nos salvam da ignorância”, enfatiza.
O entrevistado ressaltou a potência do Mês da Consciência Negra como uma ferramenta para promover a igualdade racial. Ele sublinhou a conexão direta entre a igualdade e o desenvolvimento econômico sustentável, argumentando que a eliminação de barreiras no acesso à educação e ao emprego beneficia toda a sociedade, impulsionando a produtividade e o crescimento econômico. Além disso, dentro das empresas, a preocupação com a diversidade não apenas torna as organizações mais inovadoras, mas também contribui para resultados financeiros mais sólidos.
Josué não esquivou-se ao discutir os desafios que persistem. O racismo religioso, especialmente contra as religiões de matriz africana, é uma realidade que exige iniciativas educativas e de conscientização. Nas escolas, o racismo se manifesta, seja por incidentes entre estudantes ou pela falta de representatividade nos currículos. A subnotificação de casos de racismo e a negligência do Poder Público são obstáculos significativos que demandam ações efetivas e compromisso coletivo.
A Lei 10.639/03, que estabelece a inclusão da história e cultura afro-brasileira nos currículos escolares, foi destacada por Josué como um instrumento vital na promoção da Consciência Negra. “Essa legislação não apenas enriquece o aprendizado dos estudantes, mas também contribui para a desconstrução de estereótipos e preconceitos enraizados”, explicou ele. Josué ressaltou que ao incorporar o ensino sobre a história e cultura afro-brasileira, as escolas não apenas cumprem uma obrigação legal, mas promovem um ambiente educacional mais inclusivo e reflexivo da diversidade da sociedade brasileira.
Ao abordar a influência da mídia na percepção da sociedade sobre a Consciência Negra, o entrevistado elogiou o papel do Jornal Terceira Visão ao longo dos anos. Destacou que a mídia desempenha um papel significativo na construção de uma narrativa mais inclusiva e equitativa, moldando uma visão mais precisa e respeitosa da comunidade negra.
O ativista enfatizou a intrínseca interconexão da Consciência Negra com outras causas importantes, como a luta contra a homofobia, o sexismo e a defesa dos direitos dos povos indígenas. Ele ressaltou a importância de uma abordagem abrangente na promoção da igualdade e justiça social, reconhecendo e abordando diversas formas de discriminação e opressão.
Ao concluir a entrevista, Josué enfatizou a contribuição significativa da celebração da ancestralidade e da população negra no fortalecimento da autoestima, na construção de uma identidade positiva e no desafio aos estereótipos prejudiciais. “Ao celebrar quem somos, estamos construindo um caminho para um futuro mais inclusivo e empoderador”, concluiu.