Música composta em parceria com Paulo Coelho é inspirada em obra milenar hindu e fecha o álbum de maior sucesso de Raul Seixas
Por Bruno Marques
Uma das obras musicais mais emblemáticas de Raul Seixas chegou aos 50 anos em 2024. Gita, 12ª e última faixa do álbum de mesmo nome, foi inspirada num livro sagrado hindu com mais de 6.000 anos, o Bhagavad Gita.
O álbum é o terceiro da carreira solo de Raulzito e que teve maior sucesso comercial, com 100 mil cópias vendidas, rendendo ao cantor baiano seu primeiro disco de ouro.
Provocativo, como sempre, Raul aparece na capa do disco vestido de guerrilheiro, com boina e guitarras vermelhas. Em pleno período de Ditadura Militar.
Gita foi lançada em julho de 1974 como single que foi um mega sucesso, vendendo 600 mil cópias. O estouro foi o motivo da gravadora Philips negociar com a ditadura militar para que Raul pudesse voltar do exílio forçado.
A canção tocou nas novelas Mulheres de Areia (1993), Amor e Revolução (2011), e Brida (1998). Ganhou diversas versões, entre elas de Maria Bethânia, RPM, Rita Lee, Zé Ramalho e Ney Matogrosso.
“Somos o próprio processo histórico e o equilíbrio cósmico”
Sobre a mística música, composta em parceria com o escritor Paulo Coelho, Raul comentou: “As pessoas me perguntam como se fala ‘Gita’. A pronúncia correta é ‘Guita’. Vem do livro indiano ‘Bagavadeguitá’. Quando falo na letra ‘Sou isso, Sou aquilo’, não sou eu. É cada um de vocês. Somos o próprio processo histórico e o equilíbrio cósmico. Então, cada um é sua própria estrela”.
Riqueza de simbolismos místicos
A letra é repleta de simbolismos e referências filosóficas, o que a torna uma peça rica para análise e interpretação. Ela conta sobre um encontro onírico com uma entidade.
A repetição do nome ‘Gita’ evoca a ideia de um mantra, uma invocação de algo transcendental. A canção termina com a afirmação de que o eu lírico é ‘o início, o fim e o meio’, sugerindo um ciclo eterno de vida.