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A aniquilação do outro é a véspera do suicídio

“E quando Alexandre deu-se conta da imensidão do seu império, ele chorou, por não existir mais nada a ser conquistado”. Frase de origem incerta, esse pensamento sintetiza uma angustia existencial que pode afligir até os mais poderosos.

Foi Arthur Schopenhauer, nos meados do século XIX, que como sua filosofia existencialista que admite o sofrimento humano, cravou essa:
“A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir”.

Outro perturbado filósofo que investigou os meandros da existência foi Soren Kierkegaard, que apregoou: a vida do indivíduo é marcada por angústia, desespero e paradoxo.

Trocando em miúdos dinamarqueses complexos para uma ‘tradução’ popular abrasileirada, seria como cantou o Só Pra Contrariar: “O que é que vou fazer com essa tal liberdade?”.

O século XX viu o capitalismo, principal forma vigente de sistema político, social, econômico e, consequentemente, comportamental, se expandir, aniquilar contrapontos e se hegemonizar, ainda que esse domínio tenha resultado em uma brutal e gradual autodestruição.

E, dessa maneira, a ideologia vigente, a meta em voga, e a busca do que é bem-sucedido é o consumo, o ter, possuir e acumular. Isso é o que chamam de liberdade nessa forma de interpretar o mundo como posse material dos recursos.

E para obter isso tudo, respaldado pelo neoliberalismo, tolera-se, permite-se e pratica-se a guerra. Estigmatizando e demonizando as diferenças, promove-se o conflito a fim de aniquilação de um lado e domínio do outro.

De diferente maneiras esta edição do Jornal Terceira Visão traz exemplos deste assunto: uso político para fanatismo religioso, refelexões sobre os 35 anos da queda do Muro de Berlim e espancamento de aluno. Tudo isso em meio a mortes de pessoas conhecidas da cidade.

E nessa briga irracional que não vê a interdependência do coletivo por mirar-se demais o próprio umbigo nesse neonarcisismo superficial e amorfo, a consequência é a aniquilação do outro, e como o fim do próximo, que é o espelho de reconhecimento do indivíduo, a perspectiva autodestutiva é a véspera do suicídio.

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