Agrotóxicos e substâncias proibidas são encontrados em fórmulas infantis, aponta estudo da Unicamp

Análise da Unicamp identifica resíduos de substâncias tóxicas em fórmulas infantis e expõe falhas na regulamentação e nos controles da cadeia produtiva no Brasil

Um estudo da Universidade Estadual de Campinas detectou a presença de agrotóxicos, medicamentos veterinários e outras substâncias em fórmulas infantis disponíveis no mercado brasileiro. A pesquisa, conduzida na Faculdade de Engenharia de Alimentos, analisou 30 amostras e revelou resíduos de compostos como carbofurano e metamidofós, ambos proibidos no país. Também foram encontrados pesticidas como fenitrotiona, clorpirifós e bifentrina, além de hormônios e micotoxinas, mesmo que em níveis abaixo dos limites estabelecidos por autoridades sanitárias internacionais.

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Os dados levantam preocupações sobre contaminações indiretas na cadeia produtiva e sobre a ausência de normas específicas para fórmulas infantis no Brasil. As análises se basearam em listas da Anvisa e bancos de dados internacionais, utilizando técnicas modernas para triagens suspeitas. Na segunda etapa da pesquisa, seis compostos foram detectados em quase 87% das amostras, entre eles o metamidofós, proibido no Brasil desde 2012, e outros com concentrações acima dos limites da União Europeia.

A hipótese de contaminação por bioacumulação também foi considerada, indicando que substâncias banidas ainda podem estar presentes no meio ambiente e atingir os alimentos por meio das matérias-primas, como leite de vaca e cabra. A pesquisa ressalta a importância de monitorar a produção e garantir padrões de qualidade, especialmente para alimentos destinados a bebês, cujo organismo ainda não está completamente preparado para eliminar esses compostos.

A falta de regulamentação específica é apontada como um dos principais desafios. O estudo também prevê a ampliação da investigação para o leite materno, com o objetivo de identificar contaminantes ambientais e reforçar a necessidade de políticas públicas voltadas à alimentação segura na infância.

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