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Ainda há espaço para o lúdico?

Na última semana, fui a uma loja em que são oferecidos diversos cursos. Enquanto aguardava a atendente buscar meu pedido, não pude deixar de ouvir a conversa ao meu lado: uma senhora procurava cursos para sua filha às quintas-feiras, porque era um dia que estava sem atividades no contraturno. Mais tarde, em outro local totalmente diferente, encontrei uma criança que se queixava à mãe de não ter nada para fazer. Juntei essas duas experiências que me atravessaram no momento em que, rolando as redes sociais, vi uma foto de uma conhecida que fez caça ao ovo de Páscoa para sua sobrinha.

O que esses momentos têm em comum? Parece que algo está acontecendo com o ócio. Já é possível encontrar diversos pensadores escrevendo sobre o quanto se perdeu o tempo de “dolce far niente”, a expressão italiana para a arte de fazer nada. Se vamos ao banheiro, sacamos o celular para “aproveitar” os minutinhos em que “estamos fazendo nada” ao vaso. Nessa esteira, podemos ir longe criticando uso de celular para todas as idades. Meu ponto não é esse, mas o vazio incômodo da criança da segunda história que é um desafio a ser combatido pela criança da primeira história. E a terceira criança? Apesar de ser um momento específico, o vazio foi preenchido de uma forma muito especial: o lúdico.

O brincar adquiriu novas formas. É normal: as sociedades mudam. Contudo, acredito que inserir o jogo da imaginação, da fantasia e do faz-de-conta transforma vidas. No começo, precisamos incentivar, fingir uma caçada, contar histórias e criar situações. Depois, o hábito é criado e a brincadeira se torna natural, como já foi para muitos. Precisamos abrir espaço para o lúdico das crianças e não fechá-lo. Até mesmo nós adultos adoramos quando é possível “brincar” na rotina: um jogo, uma história, uma brincadeira…Qualquer coisa que nos tire da realidade, além de nos tornar criativos, alivia o estresse. O mesmo vale para crianças e adolescentes.

Como? Procure vídeos de brinquedos que podem ser construídos por elas mesmas, proporcione espaços de criação em casa e na agenda, conte histórias e deixe que a mágica do lúdico aconteça.

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