Antártida: Território sem dono e alvo de disputas geopolíticas

Apesar de ser um território sem soberania, a Antártida continua sendo alvo de disputas territoriais e interesse estratégico por suas riquezas naturais e potencial científico

A Antártida, com seus 13,7 milhões de km² — o equivalente a 1,6 vezes o tamanho do Brasil — é um dos lugares mais cobiçados do planeta, mas não pertence a nenhuma nação. Administrada por um tratado internacional firmado em 1959, o Tratado da Antártida estabelece a região como uma reserva natural voltada para a ciência, proibindo a militarização e a exploração comercial. No entanto, sete países ainda reivindicam porções do continente, alegando motivos históricos e geográficos.

Argentina, Reino Unido, Chile, Noruega, Nova Zelândia, Austrália e França são as nações com reivindicações territoriais, baseadas principalmente em explorações realizadas no passado ou na extensão natural de seus próprios territórios. A Argentina, por exemplo, foi o primeiro país a instalar uma base na região, em 1904, e considera a Antártida uma continuação de sua província mais austral, incluindo áreas como as Ilhas Malvinas. O Reino Unido, por sua vez, reivindica território com base na soberania sobre as Ilhas Malvinas, enquanto o Chile discute com a Argentina uma área compartilhada, gerando uma disputa que envolve também as águas da Passagem de Drake.

Além dessas, outras quatro nações — Noruega, Nova Zelândia, Austrália e França — têm suas reivindicações baseadas em feitos históricos de exploradores como Roald Amundsen e Jules Dumont D’Urville. Mesmo sem soberania reconhecida, diversos países mantêm bases científicas permanentes no continente, incluindo o Brasil, os Estados Unidos e outras grandes potências como China e Rússia.

Embora a mineração e a extração de petróleo sejam proibidas pelo Tratado, há grande interesse pela riqueza potencial do continente. Estima-se que existam cerca de 200 bilhões de barris de petróleo sob a região, além de ser a maior reserva de água doce do mundo, com 70% da água potável do planeta armazenada em seu gelo. Além disso, o céu limpo da Antártida é ideal para pesquisas espaciais, já que a região oferece um ambiente livre de interferência de sinais de rádio.

Esses fatores tornam a Antártida um ponto estratégico de interesse para países ao redor do mundo, que aguardam a revisão do Tratado em 2048 para discutir o futuro da região.

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