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Bolívia sofre tentativa de golpe de estado

A Bolívia enfrentou momentos de tensão na quarta-feira (26) com a mobilização de militares no centro de La Paz, ação que o presidente Luis Arce classificou como uma tentativa de “golpe de Estado”. Soldados ocuparam a Plaza Murillo e invadiram o Palácio Quemado, sob a liderança do general Juan José Zúñiga, que foi preso horas depois. Zúñiga havia sido destituído do cargo de chefe do Exército boliviano no dia anterior, após declarações sobre o ex-presidente Evo Morales.

Em várias cidades, a população protestou contra a tentativa de golpe. Arce fez um pronunciamento televisionado, acompanhado por membros de seu gabinete. Zúñiga afirmou que houve uma “mobilização de todas as unidades militares” devido “à situação do país”. Imagens nas redes sociais mostraram Arce enfrentando Zúñiga e ordenando a retirada dos militares, que forçaram o portão do Palácio Quemado com um veículo blindado.

Mais tarde, Arce nomeou novos líderes militares, incluindo o general José Wilson Sánchez, que assumiu o comando geral do Exército. Sánchez pediu que todo o pessoal militar mobilizado retornasse às suas unidades. Enquanto o evento ocorria, os militares começaram a deixar a Plaza Murillo. Arce agradeceu à população que se mobilizou.

Zúñiga foi detido após uma ordem do ministério público. Ele acusou Arce de orquestrar a tentativa de golpe para “aumentar sua popularidade” e alegou que o presidente ordenou a mobilização militar. A mídia local reportou que Zúñiga será processado por terrorismo e atentado armado contra a segurança do Estado. Outro envolvido, o ex-comandante da Marinha Juan Arnez Salvador, também foi detido.

Arce denunciou as “mobilizações irregulares de algumas unidades do Exército Boliviano” por volta das 15h locais (16h em Brasília). A mídia mostrou imagens de tropas na Plaza Murillo e militares entrando no palácio do governo, onde montaram barricadas e usaram gás lacrimogêneo para dispersar a população. O ex-presidente Evo Morales, líder do partido governante Movimento ao Socialismo (MAS), descreveu o ocorrido como “um golpe de estado” em andamento. Zúñiga foi demitido após afirmar que Morales “não pode mais ser presidente deste país”.

Morales deixou o poder em 2019 após uma revolta militar e retornou quando Arce levou o MAS de volta ao poder. Nos últimos meses, Arce e Morales têm disputado o controle do MAS e a possibilidade de uma nova candidatura de Morales. A crise econômica da Bolívia, marcada pela falta de combustível e escassez de divisas, tem gerado mobilizações sindicais pelas quais Arce culpa Morales.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, condenou “da forma mais contundente” os eventos na Bolívia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ter pedido informações ao Itamaraty e destacou a necessidade de se ter clareza sobre os acontecimentos. O Itamaraty condenou “nos mais firmes termos” a tentativa de golpe. Diplomatas brasileiros e a assessoria internacional da Presidência da República estão analisando os acontecimentos em La Paz. A movimentação militar ocorre a pouco mais de duas semanas da viagem prevista de Lula à Bolívia, marcada para 9 de julho. Até o momento, não há informações se a viagem será mantida.

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