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Dançarina de Valinhos desenvolverá projeto na África do Sul

Samira Marana teve projeto aprovado na Funarte e vai promover o Gumboot Dance, manifestação artística de origem operária

Por Bruno Marques

Bacharel e licenciada em Dança, certificada por método de educação do movimento, e atualmente de estudante de dança indiana, Samira Marana soma uma experiência no ramo que completará 30 anos em 2025. E esse ápice vai ser celebrado através de um projeto que a artista, residente de Valinhos, deve desenvolver na África do Sul.

Samira, que foi aluna da Casa da Cultura dos nove anos até o ensino médio, foi entrevistada por esta reportagem a fim de contar um pouco sobre a empreitada antes de embarcar em julho, e retornar em outubro. Ela compartilhou os conhecimentos sobre o Gumboot Dance, seus benefícios, origens e particularidades.

Em seu canal no Youtube, Samira Marana mostra um pouco do Gumboot Dance: do corpo, o som
 

Quais as principais características do Gumboot Dance?

É uma dança rítmica e percussiva que acontece, basicamente, no eixo vertical do corpo, que tem pouco deslocamento espacial e recruta muito o eixo da coluna. Ela usa palmas e pisadas e foi trazida para o Brasil por Ivaldo Bertazzo, que conheci em 2010.

Mas, antes de ser uma dança, o Gumboot (bota de borracha) era uma linguagem de trabalhadores de minas de ouro na África do Sul usavam para se comunicar entre os períodos pós-colonial e pré-apartheid. Eram lugares bastante precários, análogos à escravidão.

As botas de borracha só foram fornecidas após exploradores ingleses e holandeses, donos das minas, terem muito prejuízos com mortes dos trabalhadores pelas péssimas condições de trabalho. É uma dança feita com EPI’s, uniformes de operários.

Por favor, conte brevemente sobre seu projeto e como surgiu essa oportunidade de ira para a África do Sul?

A oportunidade veio se construindo ao longo de algum tempo. Fui convidada em 2020 para um trabalho social a fim de desempenhar os papéis de coreógrafa, ensaiadora e preparadora corporal de um grupo.

Com a volta do Ministério da Cultura no atual governo federal, com reabertura de editais, montamos o projeto e enviamos para a Funarte. A iniciativa foi aprovada com pontuação máxima na escrita.

O produtor parceiro é David Mahlaba e o diretor da produtora cultural é o Phinda Mzala Entertainment Projects.

Qual o intuito da temporada na África do Sul e quanto tempo deve durar o projeto?

O projeto tem que ser executado dentro de três meses. A ideia é fazer uma formação intensiva e a produção de um espetáculo em colaboração com os artistas locais, para que seja uma possibilidade de renda e profissionalização deles, e que continuem se apresentando depois.

Quais os principais benefícios que, especificamente o Gumboot Dance pode trazer a seus praticantes?

Além de um bom condicionamento físico e cardíaco, desenvolve a coordenação motora, que é um aspecto bastante importante especialmente para quando se envelhece, pois é, também, um exercício neural.

Há também o aspecto de sociabilidade da dança. Como ela surge de uma necessidade de comunicação, ela traz uma qualidade de relação entre os participantes se assemelhando até a uma brincadeira em grupo. Traz leveza e desenvolve nas pessoas um desprendimento de si e transforma isso num resultado artístico-performático.

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