Pediatra e psicóloga da cidade orientam pais a ficarem atentos ao desafio do desodorante no Tiktok que está colocando vidas em risco


Uma nova tragédia envolvendo um “desafio viral” nas redes sociais trouxe novamente à tona os perigos que rondam o ambiente digital. A vítima da vez foi Sarah Raissa Pereira de Castro, de apenas 8 anos, que morreu após participar do chamado “desafio do desodorante”, no Distrito Federal. A menina inalou grande quantidade de desodorante aerossol e sofreu uma parada cardiorrespiratória. Após ser socorrida e levada ao Hospital Regional de Ceilândia, teve morte cerebral confirmada.
Apesar de o caso ter ocorrido longe de Valinhos, o alerta é real e urgente: esses desafios estão ao alcance de qualquer criança com um celular conectado à internet. A prática, registrada em vídeos e compartilhada em plataformas como o TikTok, consiste em inalar o spray de desodorante por tempo prolongado, em uma “disputa” por quem consegue suportar mais tempo sem respirar normalmente. O desafio do desodorante no Tiktok, ensina um comportamento que pode ser letal.


Riscos imediatos e consequências fatais
De acordo com a pediatra Telma Duarte, a substância inalada atinge os pulmões e rapidamente entra na corrente sanguínea, podendo levar à falência do coração.
“A inalação do produto pode causar danos graves à saúde como desconforto respiratório e pneumonite química (inflamação do pulmão). Independente da idade, é muito perigoso e pode ser que os médicos precisem usar medidas invasivas”, explica.
A exposição ao aerossol ainda pode causar edema de glote, quando a garganta se fecha completamente, impedindo a entrada de ar, o que pode levar à asfixia. Além disso, o produto contém álcool em altíssima concentração, podendo queimar tecidos internos e provocar intoxicações severas.
Supervisão e diálogo: papel essencial dos pais
A psicóloga Ana Paula Pailo explica que a prevenção exige envolvimento ativo dos pais e responsáveis. Segundo ela, o ideal é acompanhar de perto o uso das redes sociais, com acordos claros sobre o que pode e o que não pode ser acessado.
“O ideal é fazer um trato de que ele vai usar o celular e as redes sociais, mas ciente de que os pais depois vão ver o que foi feito. Essa atitude já é um controle e pode fazer com que eles evitem algumas coisas”, afirma.
Ela também alerta para um ponto importante: “É importante que os pais não confiem nos filhos. Tanto a criança quanto o adolescente vão agir de acordo com a idade que têm e desobedecer, se rebelar etc. É o contrário que precisa acontecer: os filhos que precisam confiar nos pais, para dividirem as dúvidas com eles.”


Outros desafios perigosos já causaram tragédias
O “desafio do desodorante” não é o primeiro do tipo. Em 2019, o mundo acompanhou com apreensão o surgimento do “Jogo da Baleia Azul” e o “Desafio Momo”, ambos ligados a casos de automutilação e suicídio infantil. Esses conteúdos se espalham de forma silenciosa, muitas vezes em grupos fechados, e são impulsionados pela lógica de curtidas e desafios entre amigos.
Uma variação mais recente, chamada de “chroming” ou “huffing”, incentiva a inalação de vapores de outros produtos domésticos, como tinta spray, removedores, esmalte e até gasolina — todos de fácil acesso e com alto risco de intoxicação.
Como prevenir? Veja orientações da psicóloga:
- Alerte sobre os desafios que existem e por que eles são perigosos
- Converse e alerte sobre a pressão social dos amigos e como não se deixar levar
- Nunca deixe a criança ou o adolescente sozinho e trancado no quarto jogando videogames online
- Procure saber e conheça quem está do outro lado da tela
- Atente-se ao conteúdo disseminado pelos jogos
- Estabeleça horários e regras para o uso da internet
- Se necessário, espelhe o conteúdo do celular em uma TV