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Desigualdade de gênero ainda persiste no Brasil

Apesar de avanços, políticas públicas para as mulheres enfrentam retrocessos no país

Apesar dos avanços promovidos por políticas públicas ao longo dos últimos 30 anos, retrocessos recentes fragilizaram a garantia dos direitos das mulheres

O Brasil tem avançado na luta pela equidade de gênero, mas a desigualdade entre homens e mulheres ainda persiste em diversos âmbitos. Segundo o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgado nesta terça-feira (18), apesar dos avanços promovidos por políticas públicas ao longo dos últimos 30 anos, retrocessos recentes fragilizaram a garantia dos direitos das mulheres. A pandemia de covid-19 intensificou esses desafios, impactando especialmente mulheres negras e reforçando a vulnerabilidade econômica e social desse grupo.

Um dos principais fatores para esse retrocesso foi a perda de status ministerial da Secretaria de Políticas para Mulheres em 2015, quando foi incorporada a um ministério com múltiplas atribuições. A falta de uma pasta exclusiva reduziu a relevância institucional, limitou o orçamento e comprometeu a continuidade de programas essenciais. Apenas em 2023 foi recriado o Ministério das Mulheres, trazendo novo fôlego para a implementação de políticas específicas.

Os desafios são evidentes nos números. Em 2022, houve a menor alocação de recursos federais para o enfrentamento da violência contra a mulher, com execução orçamentária reduzida. Entre 2019 e 2022, dos R$ 68,22 milhões autorizados para essa finalidade, apenas 51,8% foram efetivamente utilizados. Em 2022, dos R$ 950 mil previstos, nenhum recurso foi liquidado. A consequência direta desse cenário é o aumento da violência de gênero: no primeiro semestre de 2022, 699 mulheres foram vítimas de feminicídio, uma média de quatro por dia e um crescimento de 10,8% em relação a 2019.

Mercado de trabalho

A desigualdade de gênero também se manifesta no mercado de trabalho. As mulheres representam 51,2% da população brasileira, mas ainda enfrentam diferenças salariais significativas. O país ocupa a 117ª posição no ranking do Global Gender Report entre 146 nações, com as mulheres recebendo, em média, apenas 77,7% da renda dos homens. A presença feminina em cargos de alto escalão e na política também é reduzida, refletindo os desafios estruturais que dificultam a equidade.

Apesar das dificuldades, algumas políticas públicas representam avanços, como a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, o Programa de Proteção e Promoção da Saúde e da Dignidade Menstrual e a Política Nacional de Assistência Integral à Saúde da Mulher. Contudo, o relatório aponta que ainda há entraves significativos, como a deficiência na gestão de dados sobre violência contra a mulher, a falta de garantia de direitos sexuais e reprodutivos, a desigualdade educacional e a baixa presença feminina nos espaços de poder.

Pequim

O relatório do TCU é uma contribuição para a Plataforma de Ação de Pequim, que completa 30 anos em 2025. Esse marco global destaca a necessidade de integrar a perspectiva de gênero em todas as esferas governamentais, fortalecendo políticas públicas transversais. A criação do Ministério das Mulheres sinaliza uma maior prioridade para a agenda de igualdade de gênero no Brasil, mas para que os avanços sejam duradouros, é fundamental que o setor público e o privado atuem em conjunto, promovendo iniciativas que garantam oportunidades justas e proteção para todas as mulheres.

Fonte: Agência Brasil

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