Comandante Magalhães conta momentos que viveu por ser mulher negra
Por Rafaela Duarte
Discriminação racial é caracterizada como qualquer comportamento, fala de distinção, exclusão, restrição ou certa preferência por alguma raça, nacionalidade, ascendência, cor ou ética.
O Brasil é um país com uma grande diversidade étnica e cultural. Pensando por esse lado, é comum acreditar que exista uma certa harmonia entre a população, porém isso não é realidade no cotidiano. Isso não é algo exclusivo do brasileiro, no mundo isso também é uma problemática.
Por conta dessa situação predominante no planeta todo, no dia 22 de março é comemorado dia internacional contra a discriminação racial, um dia reflexivo, onde é necessário empatia, respeito e menos descaso com a temática do racismo, que fazem várias pessoas sofrerem.
Acreditando que este assunto é importante e relevante, o Jornal Terceira Visão entrou em contato com a Comandante Magalhães, da Guarda Cívil Municipal de Valinhos, que conta um pouco de sua vivência como mulher negra, em uma sociedade racista.
Qual sua opinião sobre a existência do dia internacional contra a discriminação racial?
Acredito que essa pauta é importantíssima nos dias de hoje! É preciso se discutir essa temática.
Você, como uma mulher negra, acredita que o racismo é algo recorrente ou são casos isolados?
Recorrente, apesar de hoje estarmos em uma geração mais evoluída, ainda sofremos preconceitos, não somente o racial, como os outros preconceitos.
Você já sofreu racismo? Se sim, como você lidou/lida com esse preconceito?
Posso ter sofrido, mas não presenciei. Me lembro de uma situação que sofri em meu condomínio. Uma moradora me confundiu com uma empregada doméstica, me perguntando se eu trabalhava no local. Disse a ela que era moradora e logo me perguntei, por que será? Não me confundiu não. A realidade é que, apesar de ser negra, moro em um lugar onde pessoas de classe média vivem, em um país que contrata 80% de empregadas domésticas negras.
Você acredita que a educação pode melhorar no combate contra a discriminação racial, e até mesmo diminuir os outros preconceitos que existem no nosso país?
A Educação e o único remédio para o preconceito desde sua existência. Acredito num país sem Preconceito
Você considera que ao ocupar um cargo na Guarda Civil Municipal seja uma inspiração para outras pessoas, por conta da sua representatividade?
Sim, me considero representativa, pois sou uma mulher negra que alcançou seu espaço com dignidade, competência, determinação e muita persistência de querer mostrar que sou igual às outras mulheres brancas, ricas ou pobres. E digo mais, esses exemplos servem para outras mulheres que acham que não podem ser o que quiserem, mas vocês podem. Acreditem em vocês.
Você acredita que a sociedade está evoluindo e em algum momento a discriminação racial deixará de ser um problema?
Sim, acredito que através de políticas públicas, a inserção de mais mulheres negras no poder, a existência de uma igualdade na sociedade, dessa maneira isso irá acabar.