E no terceiro dia…

Páscoa é um momento propício para se refletir de forma mais emblemática sobre a vida. Os ovos, não necessariamente aqueles cada vez mais caros, de chocolate industrial, colocados sobre nossas cabeças nos supermercados, têm o significado do surgimento e da passagem, pessach em hebraico. Mas como está a vida que levamos, ano após ano, Páscoa após Páscoa? A que de fato estamos dando vida?

A Páscoa era celebrada pelos judeus para comemorar a liberdade conquistada pelo seu povo. Será que além de deleite por chocolates, não podemos pensar se estamos lutando pela nossa liberdade também? Quanto realmente somos livres nesta sociedade de propaganda neoliberal? Dinheiro, doces e farturas garantem salvação econômica de vida e espiritual?

Tais questionamentos vêm no mesmo dia em que aconteceu mais um caso de brutais assassinatos em escolas no Brasil. Desta vez, em uma creche particular de Santa Catarina, quatro crianças foram mortas com machadadas na cabeça. Em plena Semana Santa. O ataque aconteceu menos de dez dias depois do caso fatal da escola de São Paulo. Há outros casos correlatos nos noticiários, inclusive na nossa região.

O que acontece, nas vésperas desta Páscoa, é o assassinato predatório e sistêmico de crianças, jovens e professores em locais educacionais. Assim, estamos matando o amanhã. Ou assistindo a matança do futuro. Tais ações, todas planejadas, são antíteses à vida que a data especial se refere. O que nos resta? Aceitar o fim ou ter esperança após o terceiro dia, dia após dia?

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