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IBGE REALIZARÁ CENSO EM TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS PELA PRIMEIRA VEZ

Foram identificadas 5.972 comunidades que serão visitadas pelos recenseadores

Pela primeira vez o IBGE vai realizar o Censo 2022 em terras quilombolas, informação foi divulgada nesta quarta-feira, 17. A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) está participando da divulgação.

“O grande objetivo é sensibilizar a população a responder o Censo Quilombola, o primeiro em que o IBGE vai poder oferecer para a sociedade como um todo estatísticas oficiais sobre quantos são, onde vivem e como vivem. É importante que essa população esteja preparada e sabendo que o IBGE está trazendo essa possibilidade de retratar sua realidade pela primeira vez”, relatou a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes.

“Outro objetivo é mobilizar as lideranças quilombolas para que abram suas comunidades e recebam nosso recenseador. O terceiro objetivo é visibilizar para a sociedade em geral essa grande novidade e avanço do Censo 2022: a inclusão de mais um dos povos e comunidades tradicionais”, concluiu.

Com o mapeamento foi identificado 5.972 localidades quilombolas e 2.308 agrupamentos – aqueles em que vivem 15 ou mais pessoas, com domicílios próximos e nos em que são estabelecidos laços parentescos ou comunitários. O Censo visitará todos os locais quilombolas.

Informações sobre as comunidades quilombolas no Brasil, Imagem: IBGE/ Agência IBGE Noticias

Já as áreas em que não foram identificadas durante o mapeamento, serão incluídas nas bases de dados pelos recenseadores.

Uma dificuldade foi encontrar a definição da pergunta sobre o pertencimento quilombola, em que a pessoa pudesse entender o questionário e se declarar parte dessa população.

Um treinamento foi feito com os recenseadores para que todos pudessem estar confortáveis em responder a pesquisa. É importante que percebam que sua identidade e forma de organização social serão respeitadas, por isso os profissionais foram preparados para lidarem com a diversidade e alteridade, na chegada a um território ou comunidade quilombola.

A preparação durou cinco dias em todo o território nacional, para os profissionais que irão até essas áreas. Protocolos de saúde como ausência de sintomas, uso de máscaras e álcool em gel serão obedecidos.

“Também houve um trabalho de sensibilização das lideranças quilombolas e na coleta haverá reuniões de abordagem sempre que o recenseador chegar numa comunidade. No caso de ser necessário, as lideranças podem indicar o acompanhamento de um guia comunitário, quando o recenseador não é quilombola ou a área é de grande extensão”, completa Marta.

Pesquisa

Pela primeira vez será retratada a realidade vivida pelas comunidades quilombolas. A pesquisa mostrará como vivem a população, as diferenças na forma de organização social e riqueza cultural. Com isso, o governo e a sociedade podem agir para melhorar as condições de vida das comunidades.

Informações sobre o questionário nas comunidades quilombolas, Imagem: IBGE/ Agência IBGE Notícias

Uma reunião de abordagem será realizada com as lideranças locais para que os recenseadores possam explicar o que é o Censo Demográfico. O apoio dos líderes e membros da comunidade é importante para as visitas nos domicílios.

O questionário da amostra (77 perguntas) será aplicado nos territórios que já estão delimitados, segundo a coordenadora Marta Antunes. O IBGE destaca que todas as informações são protegidas e somente a instituição tem acesso.

Identificação

O IBGE considera quilombola toda pessoa que se autoidentifica como quilombola, assim como as pessoas ausentes no domicilio no momento da pesquisa. A pergunta “Você se considera quilombola” é feita, se caso for afirmativo, a segunda pergunta “Qual o nome da sua comunidade?” é realizada.

Em acordo entre o IBGE e Conaq, a pergunta sobre pertencimento será feita apenas nas áreas pré-mapeadas, para os locais que não foram mapeados será somente feito o registro da localidade quilombola. Todos os órgãos e lideranças das comunidades firmaram parcerias para que seja feito o registro de toda área identificada.

“Considerando que havia lideranças de todo o país, identificamos a necessidade de realizar seminários estaduais para enraizar esse processo informativo e todos os acordos de consulta. Entre janeiro e março de 2022, realizamos 24 seminários nas 24 unidades da federação onde temos população quilombola, explicitando tudo o que foi definido. Nesse trabalho tivemos também a observação internacional, por meio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) para garantir que tudo cumprisse o que foi definido na Convenção 169”, acrescenta Marta.

O censo demográfico é a única pesquisa oficial de levantamento da população quilombola, que neste ano será realizado pela primeira vez. A participação das comunidades é fundamental para a qualidade da pesquisa, de modo que os resultados reflitam a realidade dos povos quilombolas.

Todos os profissionais estarão uniformizados com o colete, crachá e boné. Todas as informações coletadas são sigilosas e possuem a finalidade exclusivamente estatística.

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