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Intérprete promove inclusão social nos shows da Festa do Figo

“O surdo tem direito de ser atendido em serviços públicos na própria língua”, enfatizou Mauricio Gut, da empresa Libras e Comunicação

Por Bruno Marques

Regulamentada como língua desde 2002 e direito das pessoas surdas, a Língua Brasileira de Sinais tem sido representada na Festa do Figo por Mauricio Gut e a empresa Libras e Comunicação.

Ele nasceu em Campinas, onde continua morando, é formado em fisioterapia, e trabalha como intérprete de Libras há mais de 15 anos. Esta linguagem despertou seu interesse diante de uma necessidade.

Empatia e acessibilidade

“Precisei atender uma criança surda e vi a necessidade de aprender Libras. Fiz curso e pós graduação em 2007. Tenho certificações do MEC como instrutor e busco promover acessibilidade e empatia a pessoas com deficiência auditiva”, contou Mauricio.

Intérprete com Rogério Flausino, vocalista do Jota Quest

E preocupação de inclusão social tem progredido cada vez mais. O intérprete, junto com o sócio Tiago, faz as interpretações de libra da Câmara de Louveira e de Piracicaba. Mauricio atuou por dez anos na TV Câmara de Campinas e ainda trabalha em uma clínica de fisioterapia.

Shows e comunicação

Mauricio e a Libras e Comunicação também prestam serviço para várias empresas, inclusive para a EPTV. Ele já atuou várias vezes como intérprete em diversos grandes shows e festivais, ao lado de artistas e grupos de renome como Frejah, Capital Inicial, Supla, Jota Quest, CPM 22, Paralamas do Sucesso, entre muitos outros.

“Já prestamos serviços para secretarias de cultura de Campinas, Jaguariúna Louveira, Amparo, Cajamar, Mogi Mirim, Mogi Guaçu, Iracemápolis e agora Valinhos”, complementou sobre a vasta lista de trabalhos da empresa de interpretação de Libras. “O surdo tem direito de ser atendido em serviços públicos na própria língua”, salientou.

Preocupação com os surdos

O Brasil ainda tem muito a se avançar neste sentido. “A língua americana de sinais foi reconhecida em 1960. Ainda estamos muito atrasados em relação a outros países”, lamentou Mauricio.

Sobre os shows, o intérprete contou um pouco sobre como costuma se preparar: “Tem que estudar. Recebemos antes o repertório das músicas, ouvimos bastante para chegar lá na hora e saber o que vamos fazer. Há ainda o cuidado para se traduzir metáforas e expressões que podem gerar confusão”.

Cuidados com expressões

Mauricio citou, como exemplo, ‘engolir sapo’, que não pode ser traduzido ao pé da letra. “Preciso transformar isso em algo equivalente para que o surdo entenda”, disse ressaltando que é necessário ainda conviver com a comunidade surda para saber de suas realidades.

Por fim, o intérprete considerou que o retorno dado pelos surdos presentes na Festa do Figo está sendo bem legal. “O mais gratificante são as pessoas emocionadas vindo nos parabenizar. A deficiência está no espaço que não está acessível, e não no surdo”.

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