Dia Mundial do Teatro e o Dia Nacional do Circo, comemorados em 27 de março, é celebrado com entusiasmo pelo artista Alfredo João Ribeiro, mais conhecido Piu
Alfredo Ribeiro é ator, dramaturgo, diretor de teatro e também o palhaço Piu Piu. Formado em Marketing, Piu começou sua carreira artística, oficialmente, em 1972, com a apresentação da peça ‘Pluft, o Fantasminha’ no antigo Clube da Rigesa, com direção de Pedro Pazzinato. A peça, escrita em 1955, é de autoria da dramaturga brasileira Maria Clara Machado.
Até 2024, Piu ministrava oficinas de teatro para o grupo 60+ do Centro de Convivência do Idoso – CCI, de Valinhos. “Em 2017 eu criei o grupo de teatro ‘As Sabonetes’ e desenvolvi um trabalho muito importante, com várias montagens que fizeram muito sucesso. Infelizmente, com a nova administração, minhas oficinas foram encerradas”. Piu conta que tem esperança que o projeto possa voltar, “pois fizemos história com esse grupo”.
Atualmente, o artista tem se dedicado para tirar outros projetos do papel. “Acabei de elaborar um projeto de teatro sobre a importância da água, para fazer nas escolas, o qual apresentei ao Sr. Luiz Neto, vice-prefeito e presidente do DAEV, mas até momento não recebi resposta”.
Piu acredita que falta um entendimento geral dos gestores públicos sobre como se deve fazer cultura. “Ao meu ver deve ser simples, a cultura deve ser levada a todos os cantos da cidade, deve ser envolvente, e ter muita emoção como carro-chefe. Obviamente, nos falta um Teatro Municipal, que é o maior aclamo de toda a classe artística há muitas décadas”.
Apesar das dificuldades, infelizmente comuns para a classe artística, Piu se orgulha dos projetos que fez ao longo dos anos, como, por exemplo, os trabalhos desenvolvidos com o irmão Adilson Ribeiro, falecido recentemente, com quem criou, em 1975, a Cia. de Teatro Arco-Íris, que neste ano está comemorando 50 anos de fundação. “Com a Cia. produzimos mais de 100 espetáculos, tendo sido o grupo precursor do teatro infantil em nossa região. Conquistamos vários de prêmios de âmbito nacional, estadual e municipal”.
O artista lembra com alegria que vários desses espetáculos ficaram em cartaz em São Paulo (Capital), como a ‘Bandinha da Imaginação’, ‘Plunct, Plact, Zuum’, ‘Verde que te quero ver’, “todos receberam críticas elogiosas de grandes jornais, como a Folha de São Paulo, Jornal da Tarde e o Estadão”.
De autoria de Piu, em conjunto com Mário Farci, ‘Bandinha da Imaginação’ “revolucionou a maneira de se fazer teatro infantil, num espetáculo interativo, participativo, que encantou gerações e é lembrado até hoje. O espetáculo conquistou vários prêmios e alcançou mais de três mil apresentações”.
Além do teatro, a arte circense também faz parte da vida do artista, que se inspirou no ‘Circo Irmãos Almeida’ para criar o palhaço Piu Piu. “O circo era montado ao lado da fábrica de macarrão, na Rua 12 de Outubro, por volta dos anos 1967, 1968, 1969, mais ou menos”. No circo, Piu fez apresentações de alguns espetáculos da Cia. Arco-Íris.
Para Piu, “não há vida sem arte”, pois grande parte do que sabemos e aprendemos passa pela arte e pela cultura, sendo fundamental “que os gestores da cultura entendam que arte e cultura precisam ser reavaliadas, principalmente ao que se refere a espetáculos tradicionais, como a Paixão de Cristo”. Para ele, é preciso formatar um programa de cultura que realmente dê à população a oportunidade de participar, e que os artistas de Valinhos sejam valorizados e apoiados.
De acordo com Piu, de maneira geral, a arte tem sido “valorizada com muito editais, tanto federais, como estaduais, porém são demasiadamente burocráticos e complicados. Então virou um grande negócio para quem tem especialistas em captar recursos e fazer projetos que são repetidamente aprovados. Na verdade, vira quase que uma competição entre artistas. Não concordo com esse formato. Depois os projetos percorrem cidades, mendigando lugares para apresentar. No caso das peças infantis, algumas atendem duas, três escolas, porém a maioria não tem acesso as apresentações”.
Para o artista, que tem larga experiência, é possível desenvolver projetos que atendam todas as crianças da Rede Municipal de Ensino, como ‘O Teatro na Educação’ e ‘O Teatro vai à Escola’, “que criei, atuei e coordenei. Foi o maior movimento de teatro já feito na história de Valinhos”.
Entre os planos para o futuro, como artista, Piu destacou que pretende lançar um livro infantil e revelou o título da obra, que já está em andamento, em primeira mão para o Jornal Terceira Visão: ‘O Lobo Guara-ná’. Além disso, ele pensa em criar uma nova peça. “Não quero jamais deixar em branco a passagem dos 50 anos da Cia. de Teatro Arco-Íris. Vamos ver as possibilidades”. Piu também deseja dar continuidade ao trabalho com o grupo da terceira idade, no CCI. “É um dos meus principais objetivos, mas aí depende da gestão atual”. Para encerrar, Alfredo Ribeiro deixa a todos os artistas um “feliz Dia Mundial do Circo e Teatro”.