“Meu trabalho com diversidade e inclusão nasceu da necessidade de compreender as violências que o racismo produz”, conta
Por Gabriel Previtale
Consultora de Diversidade e Inclusão com foco em raça e gênero, além de jornalista e mestra em Divulgação Científica e Cultural pela Unicamp, Monique dos Anjos tem um currículo robusto e uma trajetória marcada pela luta por equidade. Moradora de Vinhedo (morou em Valinhos por três anos), Monique reflete em sua atuação profissional e pessoal os desafios e as conquistas de ser uma mulher negra em um país profundamente marcado por desigualdades raciais.
“Meu trabalho com diversidade e inclusão nasceu da necessidade de compreender as violências que o racismo produz”, conta. A motivação veio durante sua primeira gravidez, “Entendi que não bastava ser negra para saber me proteger ou orientar minha família. Como diz Neusa Santos Souza, é preciso ‘tornar-se negro’.”
Monique afirma que sua trajetória acadêmica e a militância foram fundamentais para resignificar a negritude. Para ela, ser negro é uma experiência que vai além do racismo, valorizando a ancestralidade africana e resgatando histórias e heróis apagados pela colonização e pelo sistema de dominação da branquitude.
Hoje, Monique atua em três pilares principais. No ambiente corporativo, auxilia empresas a tornarem seus processos mais inclusivos, promovendo recrutamentos diversos, criação de grupos de afinidade e ações de letramento racial. Na educação, trabalha para implementar práticas antirracistas nas escolas, como a aplicação efetiva da Lei 10.639, que prevê o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira. Ela também realiza palestras e oficinas em instituições como a Unicamp e escolas de diferentes regiões.
Entre os espaços onde já atuou, estão colégios e instituições como o Visconde de Porto Seguro, Cecília Meireles, Cyro de Barros e Fundamentum, além de coordenações e docentes da Unicamp.
Com a proximidade do Dia da Consciência Negra, Monique reforça a importância do debate racial. “Quando olhamos para as estatísticas – ou mesmo para o dia a dia –, percebemos que pessoas negras continuam ocupando, em sua maioria, os espaços de trabalho e não os de lazer ou poder. É preciso reconhecer essa desigualdade para mudar.”