Cá estamos nós, em época de festividades minha querida leitora; meu caro leitor, vivenciando o período de Copa do Mundo, evento este que acaba por impactar a rotina do brasileiro de um modo geral, sempre com suas exceções é claro, pois há sempre quem não dê a mínima para tal evento. Gostaria de convidar a você para junto a mim, refletirmos sobre tal tema, você aceita me acompanhar? Ótimo, então vamos lá.
Eu, enquanto professor de filosofia tenho como personalidade ser uma pessoa com senso crítico, mais observadora e detalhista, pessoa que enxerga “as entrelinhas da vida”, confesso que gosto da solidão, aquela solidão onde se tem paz, onde não há mal algum nela (o que hoje a modinha social chama de solitude, o que no fundo em meu ponto de vista quer dizer a mesmíssima coisa). Eu não sou e nem nunca fui de me entregar de cabeça e alma em festividades em geral, tais como Natal, virada de ano, carnaval, festa junina, feriados, praias e todas essas brechas que o calendário aliado a cultura dão à nós. Entre essas datas festivas nos encontramos na Copa do Mundo, que em grande medida serve de válvula de escape emocional para a grande maioria da sociedade que anda estressada, ansiosa, depressiva por N motivos, principalmente pelo trabalho onde a maioria está sendo dispensada mais cedo e isso se torna um fardo a menos a ser carregado durante a semana.
Confesso que não vejo graça em torcer por atletas que ganham milhões por mês para jogar bola (e há ainda atletas que treinam e trabalham com isso que eram pênaltis), e que não oferecem um serviço digno e direto a população como professores e médicos o fazem, por exemplo, dentre outras área de grande importância, mas respeito quem o faça. É uma troca que aos meus olhos não faz sentido: trocar a ansiedade do trabalho pela ansiedade em assistir uma partida de futebol e ver se o Brasil ganha ou não o jogo. Talvez você me ache pessimista, sem sal, mal amado e por aí vai, aceito tais adjetivos, mas a verdade é uma só: o Brasil ganhando ou perdendo essa copa, tendo ou não conquistado o tão almejado hexa campeonato mundial, se nem eu nem você trabalharmos não haverá dinheiro para pagar as contas no final do mês, enquanto eles, os jogadores, desfrutarão dos milhões que cairão na conta deles.
Festividades em geral, a meu ver, servem para descarregar as energias reprimidas durante a semana, meses, é o período onde se tira a máscara (não a do Covid), mas sim a social, é época onde pode-se comer, beber, xingar, sem ser criticado, mesmo correndo o risco de arrumar briga dependendo do local onde você se encontra. No ponto de vista filosófico e existencialista, o ser humano busca preencher um vazio, vazio esse que não é preenchido por nada, pois segundo o filósofo francês Jean-Paul Sartre; não somos Nada. Pessimista eu sei… Trago aqui em nossa reflexão outro grande nome da filosofia, o grego Platão que definiu o amor como sendo o desejo insaciável pelo que nos falta, e isso fomenta uma busca por obter o que desejamos; inseridos num círculo, tal como aquelas rodas onde os ratos ficam girando e girando sem chegar a lugar algum. É justamente sob esses dois filósofos que discorro aqui em nossa reflexão, somos seres que, em sua maioria, odeiam o que fazem, são frustrados, infelizes, e são movidos por festividades e feriados. Conheço quem já esteja contando nos dedos a quantidade de feriados que haverá em 2023, enquanto eu estou preocupado apenas com o que irei almoçar e jantar hoje.
São pontos de vistas, vistas de um ponto. Respeito a cada um, tenho certeza de que não há certezas, meu intuito aqui é apenas o de lhe estimular a reflexão. Já ia me esquecendo de um ponto importante: o futebol masculino é um esporte tão digno de respeito e atenção quanto aos outros, mas que tem prestígio desproporcional e muito maior que os demais, triste isso, pois quando mais novo lutava karatê e nunca se tocou no assunto sobre esse esporte na mídia. Dei um exemplo simples sobre o karatê, mas insiro aqui todo e qualquer tipo de esporte profissional. Enfim, espero que nossa reflexão tenha servido para alguma coisa, caso contrário, peço desculpas por fazer você perder seu tempo lendo o que aqui escrevi e lhe fazer perder algum jogo da Copa do Mundo. Grande abraço.