Ondas de calor extremas aumentam globalmente por causa das mudanças climáticas, revela relatório internacional

Um novo estudo internacional confirma que as mudanças climáticas provocadas pela ação humana estão tornando as ondas de calor mais longas, intensas e frequentes em todo o mundo. Entre maio de 2024 e maio de 2025, 195 países e territórios registraram o dobro de dias de calor extremo do que teriam sem o aquecimento global.

Produzido por cientistas do Climate Central, World Weather Attribution e Cruz Vermelha Internacional, o relatório detalha o avanço do calor extremo em escala global. Quase metade da população mundial — cerca de quatro bilhões de pessoas — viveu pelo menos 30 dias a mais de calor extremo no último ano, considerando temperaturas acima do percentil 90 para cada região, em comparação ao histórico de 1991 a 2020.

No Brasil, foram registrados 57 dias com calor extremo, dos quais 47 foram diretamente influenciados pelo aquecimento global. Apesar de não estar entre os países mais afetados, os impactos já são sentidos em diferentes regiões brasileiras, afetando a saúde pública, o abastecimento de água e a agricultura.

Todos os 67 eventos extremos de calor que causaram impactos significativos à população ou infraestrutura foram agravados pelas mudanças climáticas. O calor excessivo é hoje considerado o evento climático mais mortal do planeta, embora muitas mortes sejam subnotificadas. Em 2022, por exemplo, a Europa registrou cerca de 61 mil mortes associadas ao calor, número que pode ser ainda maior.

O documento alerta também para os impactos em cadeia causados pelo calor: prejuízo nas colheitas, pressão sobre redes de energia, redução do acesso à água potável e queda na produtividade urbana. Frente a este cenário, cresce a urgência por ações concretas de adaptação e mitigação.

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas COP30, que será realizada no Brasil em 2025, é apontada como uma oportunidade histórica para colocar o calor extremo no centro das negociações globais. As autoridades brasileiras pretendem liderar o debate sobre adaptação em regiões tropicais, onde os efeitos do calor são mais severos. Entre os temas prioritários estão a redução das emissões de carbono, a transição energética e o financiamento climático.

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