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Orgasmo: como despir tabus, penetrar conhecimento e gozar a vida?

No último dia 31 de julho foi celebrado o Dia do Orgasmo. O JTV teve o prazer de entrevistar uma sexóloga que explica a influência do êxtase sexual nas relações

Por Bruno Marques

Apesar do orgasmo ser recomendável todos os dias, há um dia específico que celebra conhecimento e debate sobre tal êxtase. É o dia 31 de julho. E para falar da importância de experiências orgásmicas sexuais, ninguém mais referenciado do que uma sexóloga.

A entrevistada do Jornal Terceira Visão é Priscila Junqueira. Ela atende em Campinas. Seu farto currículo inclui formação de psicologia com pós-graduação em coordenação grupo-analítica e mestrado em Ciências. Ela também é psicanalista, especialista em sexualidade humana e palestra sobre o tema.

Como você define o orgasmo e qual a importância dele para a saúde mental?

O orgasmo é o ponto mais alto do prazer sexual. É uma fase do nosso ciclo de resposta sexual que é composto por: desejo, excitação, orgasmo e resolução.

Quais os benefícios dos orgasmos para o corpo e para o dia a dia das pessoas?

Orgasmos podem trazer vários benefícios físicos e emocionais. Alguns deles incluem a liberação de endorfinas, que podem ajudar a aliviar o stress e melhorar o humor, além de promover o relaxamento. Também pode fortalecer os músculos do assoalho pélvico e melhorar a circulação sanguínea. Além disso, o orgasmo pode fortalecer os laços emocionais em um relacionamento e melhorar a autoestima. É importante lembrar que a experiência do orgasmo varia de pessoa para pessoa e nem todos os benefícios podem ser experimentados por todos.

Um estudo do Departamento de Transtornos Sexuais Dolorosos Femininos da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que 55% das brasileiras não têm orgasmos durante o sexo. Por que isso acontece?

Muitas pessoas têm dificuldades de se atingir o orgasmo porque não estão com a mente e o corpo em desejo e excitação para isso. Também acontece muito por não terem recebido uma educação de sexualidade correta e foram bastante reprimidas. Temos também a questão de patriarcado, machismo, e de uma noção de que sexo seria só para reprodução e não para o prazer. Então, essa repressão inclusive na autodescoberta – não se tocam, não se masturbam -, faz com que não descubram o prazer. Há ainda um trabalho enorme para se desconstruir tudo isso e construir algo saudável.

Quais as diferenças entre o orgasmo masculino e feminino?

O homem vai de uma maneira linear para o desejo, excitação, orgasmo e resolução. A mulher já tem um ciclo circular: desejo, excitação, se retroalimenta, se excita novamente e vai para o orgasmo. A mulher demora um tempo maior para se excitar, em torno de 15 a 20 minutos, diferente do homem.

Algumas mulheres podem ter orgasmos múltiplos sem um período refratário, o que significa que podem experimentar prazer sexual contínuo sem uma pausa significativa entre os orgasmos.

Orgasmo ainda é um tabu?

Ainda é um tabu. Todos os assuntos relacionados à saúde sexual ainda são tabus, mas que a gente vem desconstruindo.

A individualização, a digitalização, a virtualização em detrimento da realidade e a pressão acelerada por resultados eficazes do mundo contemporâneo tem influenciado de que maneira no prazer das pessoas?

Como tudo na vida, tem seu lado bom e o lado ruim. O lado ruim é que muitas pessoas estão ficando só no mundo virtual, perdendo contato com seus parceiros(as). Vemos também um aumento na compulsão sexual com vício em pornografia. Ao mesmo tempo, a parte boa é que a tecnologia pode aproximar parceiros distantes.

Por fim, qual o resultado psicológico de saúde mental a atual situação de estarmos tocando mais telas e teclas do que seres humanos está nos levando?

Porém, muitas pessoas ficam cristalizadas em só uma forma de se relacionar. Tudo isso acaba impactando no psicológico, gerando crises de ansiedade, depressões de moderadas para graves. É algo que precisamos ficar atentos, nos cuidar através de terapia sexual ou mesmo psicoterapia geral, pois a saúde sexual é diretamente impactada pela saúde mental, e o contrário também. É uma via de mão dupla.

priscilajunqueira@sexologa

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