Pensar incomoda?

Inicio nossa reflexão de hoje lhe perguntando: quando alguém tenta abrir seus olhos, lhe estimular a enxergar a realidade e os fatos por outro ângulo, você fica incomodada (o)? É nessa linha de raciocínio que lhe convido a ficar comigo até o final deste texto, podemos seguir viagem? Ótimo, então vamos lá! A filosofia tem um grande nome chamado Sócrates, tal filósofo é o principal pensador desta área na qual sou professor, ele teve um final trágico, foi condenado a morte, condenado a beber um veneno, e sabe o porque? Simplesmente porque estimulou a população a refletir, a pensar “fora da caixa” e abrir os olhos, a questionar as ‘verdades’ que eram impostas a população. Estimular a pensar incomodou tanto os governantes, bem como os próprios moradores. Estamos falando de V séculos a.C, e isso ainda me parece muito familiar nos dias de hoje (excluindo a condenação a morte, até onde eu tenha ciência disso).

Outro grande nome da história é Jesus de Nazaré, me refiro aqui ao homem, deixando de lado qualquer reflexão teológica e metafísica. Ele também estimulou o povo judeu a questionar as supostas ‘verdades’ que à eles eram estabelecidas, incentivava as pessoas a expandirem suas mentes, mas também teve um fim trágico. Eis aí dois grandes nomes que incomodaram, única e exclusivamente por expor a atitude de refletir. Há um grande empreendedor chamado Henry Ford, criador da industria de automóveis mundialmente conhecida, segundo ele: “- Pensar é o trabalho mais pesado que há, talvez por essa razão tão poucas pessoas se dediquem a isso!”. O que você acha? Posso acrescentar aqui a questão do vitimismo, do comodismo. Existem pessoas que estão atravessando problemas que não competem a elas autonomia alguma para mudar o quadro e os resultados, são casos onde são impotentes, mas há casos em que as pessoas têm sim autonomia para modificar os resultados negativos que tanto as assolam, mas isso exige raciocinar sobre quais são os pensamentos que ela vem alimentando, exige reparar nas atitudes que vem tendo, exige estar de olho no feedback que anda obtendo… Exige empenho, força de vontade, motivação, exige “colocar as cartas na mesa” e enxergar o “jogo da vida” de fora, tal como um técnico de futebol o faz.

Há outro filósofo de grande renome na filosofia chamado René Descartes, segundo ele pegue o grande problema pelo qual vem passando e divida-o em quantas partes conseguir, a partir disso, comece a separar hierarquicamente quais as mais fáceis e as mais difíceis,e então inicie pela mais fácil. Pensar cansa, exige empenho, e a virtude de estimular alguém a pensar está cada dia mais escassa, convidar alguém a refletir soa quase que como um insulto, soa como falta de respeito, de empatia para com a dor emocional que determinada pessoa questionada está passando. Bem lá no fundo, tudo o que o questionador quer é estimular novos ângulos de se enxergar a realidade, retirando tal pessoa “do fundo do poço”, do vitimismo, mas infelizmente isso não é aceito com tanta facilidade. Vejo nas escolas que a disciplina de filosofia, que tem por intuito justamente esse ato de expandir a mente dos alunos é menosprezada, e isso é muito triste, pois tal capacidade de senso crítico serve para toda e qualquer área da vida! Há quem não aceite, pois é cômodo chorar e culpar os outros, culpar Deus e o Universo.

O que você acha dessa reflexão? Você se incomoda com quem lhe estimula a pensar de modo diferente? Vale a ressalva de que quem estimula em essência não enfia outros pontos de vista a força, apenas mostra, mas não obriga a absolutamente nada. Vivemos em épocas de política e isso se faz presente nos dias atuais, com discussões e brigas, ‘cancelamentos e lacração’, dados sem fontes seguras e fake news, mas “ai de você” se questionar a fundo a opinião do outro que seja divergente da sua… Aquelas pessoas que não tem argumentos plausíveis para defender seu ponto de vista geralmente perdem a paciência com facilidade, alteram o tom de voz e partem para a agressão verbal, ou pior: a física. Pense em tudo o que aqui leu, não houve imposição, apenas um estímulo a reflexão. Um grande abraço.

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