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Será que estamos transando pouco?

Conversamos com a psicóloga Alessandra, com pós em sexualidade, para discutir sobre variação e frequência sexual em contraponto a qualidade dos relacionamentos

Por Gabriel Previtale

Segundo um estudo da revista acadêmica Archives of Sexual Behavior, casais norte-americanos se envolvem sexualmente cerca de 51 vezes por ano, aproximadamente uma vez por semana. No entanto, se o debate sobre relacionamentos fosse direcionado para o que realmente importa, os números perderiam relevância diante dos índices de satisfação e consentimento. A verdade incontestável é que a frequência sexual varia ao longo de uma relação, refletindo as diferentes fases da vida. O elemento crucial para manter um relacionamento saudável e feliz é o diálogo constante. A comunicação aberta se revela como a principal ferramenta para compreender as necessidades e desejos do parceiro, transcendendo qualquer métrica quantitativa.

Conversamos com a Alessandra Pontes, psicóloga de Valinhos, pós-graduada em Psicologia e Sexualidade sobre este tema. “A comunicação é a chave de qualquer relacionamento bem sucedido, e quando se trata de sexualidade ela é fundamental para que a vivência da relação sexual seja significativa e prazerosa”, diz a profissional.

Diante da variação na frequência sexual ao longo de uma relação, como a psicologia sugere que os casais lidem com as expectativas na intimidade?

A questão da frequência sexual é muito debatida na mídia e nos círculos sociais, como se houvesse ume receita pronta do que é considerado ou não bom na vida íntima de um casal, mas na verdade respeitar a singularidade é o que importa. Cada ser humano é único e, portanto, tem uma necessidade singular para todas as questões emocionais, físicas, sociais, e não é diferente para as questões sexuais. Têm pessoas que precisam ter mais contato afetivo, sexual, e outras menos, não cabendo julgamento de certo/errado. O que importa é a qualidade da relação sexual, se faz sentido para ambos envolvidos, se todos estão satisfeitos e à vontade com o formato vivenciado para a realização dos desejos sexuais. E para que isso ocorra, a comunicação – e compreensão sem julgamentos! – é essencial para que o casal encontre o ponto de equilíbrio que satisfaça a ambos.

Considerando a pressão social sobre as mulheres para “agradar na cama”, como a psicologia aborda a construção de uma sexualidade saudável e consentida?

Culturalmente, as mulheres foram ensinadas para agradar seus parceiros como uma forma de validação. Essa perspectiva remonta a um passado em que a mulher era vista como propriedade do pai e, posteriormente, do marido. A sociedade contemporânea tem evoluído, permitindo mais autonomia para as mulheres, mas ainda há resquícios desse padrão. Pesquisas apontam que uma grande parte das mulheres na vivência sexual se sentem realizadas quando percebem que conseguem satisfazer o parceiro, tanto que a mídia ainda bombardeia informações do tipo “como conquistar seu parceiro na cama”. O trabalho com a sexualidade deve começar desde a infância, onde é primordial ensinar sobre consentimento e, de acordo com a maturidade, sobre a autonomia do próprio corpo, para que a mulher se aproprie de si mesma e do seu prazer com segurança. Esse trabalho também é feito em um processo de psicoterapia para que a mulher consiga reconhecer o que gosta ou não na sua vida sexual e tenha habilidade para comunicar abertamente para o seu parceiro.

Alessandra Pontes é Psicóloga formada em 1997 pela Universidade Mackenzie, pós-graduada em Psicologia e Sexualidade

Em sua experiência, como as flutuações na frequência sexual impactam o bem-estar emocional dos indivíduos e, consequentemente, a dinâmica do relacionamento?

O sexo é essencial dentro de uma relação amorosa, servindo como um momento de conexão entre o casal. A vivência sexual pode ir se modificando de acordo com cada fase da vida, podendo ser prazerosa de diversas formas. Quando o casal se percebe distante sexualmente é importante que parem para refletir o que está impedindo este contato e, assim, promover momentos para que a relação sexual possa ocorrer. Em psicoterapia também é trabalhado questões de crenças e tabus entorno da sexualidade, para que a pessoa reflita sobre o que está carregando de valores socioculturais na sua vivência sexual e que pode estar impedindo para que viva a sexualidade de forma mais livre, sem culpa e julgamentos, facilitando assim um diálogo mais aberto sobre desejos e fantasias sexuais.

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