Entre aplausos e vaias, vereadores jogam ‘cargos’ no ventilador durante votação e aprovação de criação de novos cargos de alto escalão
Por Bruno Marques
Na sessão desta terça-feira, dia 2, foi aprovada a nova estrutura administrativa da Prefeitura, proposta pela prefeita Lucimara Godoy (PSD). A organização de cargos, atribuições e salários consta em três projetos de lei. O primeiro traz um novo organograma, com as divisões dos órgãos e competências de cada um deles. O segundo estrutura os cargos de provimento em comissão. Já o terceiro dispõe sobre as funções de confiança, privativas de servidores públicos efetivos da Prefeitura.
Os projetos foram aprovados em duas discussões, com sete votos contrários dos vereadores Henrique Conti (PTB), Mônica Morandi (MDB), Franklin (PL), Marcelo Yoshida (PT), André Amaral (PSD), Mayr (Podemos) e Simone Bellini (União).
Uma emenda aprovada por unanimidade na sessão retirou a criação de 29 cargos comissionados, portanto de livre nomeação, para pessoas sem formação de nível superior. Uma outra emenda, que tentava eliminar também 7 cargos criados de secretário adjunto e 6 vagas de diretor de departamento, foi rejeitada por maioria de votos.
Novos cargos e créditos suplementares aprovados
Durante a sessão também foram aprovados dois projetos de lei que solicitavam a autorização dos vereadores para abertura de crédito adicional suplementar no orçamento: um de até R$ 303.713,88 para compra de um trator na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação; e outro de até R$ 81.129,00 para compra de material de consumo e material permanente na Secretaria da Saúde.
A sessão foi bastante tumultuada. Com o plenário lotado e dividido por apoiadores da Prefeitura e opositores, foram votadas as propostas de criação de novos cargos de alto escalão no Executivo.
Embates e tumultos
O embate sobre a votação dos cargos comissionados gerou discussões bruscas, confusões em vários momentos, e, entre aplausos e vaias, algumas pérolas foram proferidas pelos vereadores.
Thiago Samasso
“Simone Bellini, como vereadora e guarda civil municipal, recebe uma bagatela de R$ 20 mil. Isso é incompatibilidade. Afaste-se de um dos cargos! (…) é bacana a sua cara, vereadora, de fazer mentira e rir da cara do povo. Por que está insatisfeita agora? Por que seus cargos comissionados foram exonerados? Em 32 meses de governo estava bom. Faltando 8 meses, está ruim?”
“Franklin fez perseguição a servidor público. André Amaral, o primeiro cargo que ele esvaziou do gabinete dele, foi pra enfiar na Prefeitura”.
“Ninguém é santo aqui. Todo mundo sabe o que cada um aqui dentro faz”
Simone Bellini
“Eu visto a minha farda há 27 anos. Prestei o concurso e passei. Tenho dois salários, sim, com os valores expostos, porque tenho dois empregos. Então, por que eu tenho que abrir mão do meu salário? O senhor abre do seu?
André Amaral
“Thiago Samasso, assim como eu, sabe de toda a podridão que está nesse governo. Assim como eu, creio que ele também recebeu uma visita de servidores comissionados ofertando mundos e fundos de cargos comissionados para voltar para o governo. Eu tenho valores. Não tenho necessidade de ter cargo comissionado no governo (…) O governo perdeu a credibilidade”.
Tunico
“Não se deve medir a capacidade de um ser humano pelas suas condições catedráticas, pela sua formação acadêmica”
Marcelo Yoshida
“Os custos desses cargos serão de mais de R$ 2 milhões por ano. Com esses valores, daria para promover inúmeras benfeitorias à população, por exemplo, uma renda básica de cidadania municipal e ajudar 310 famílias de baixa renda. Com esse custo anual dos cargos, daria para contratar 48 professores por um ano inteiro. Daria para contratar 33 enfermeiros. Daria para instituir um CAPS A.D. no município, enfim, poderia servir a implementações de políticas públicas”
Toloi
“Depois da minha fala, não vou liberar a palavra para nenhum vereador: O que eu vi aqui hoje foi um palanque político.
Que tal cada vereador cortar um cargo de assessor e economizar quase R$ 2 milhões por ano? A estrutura da Prefeitura tem arrecadação de quase R$ 1 bilhão e estamos discutindo R$ 1,5 milhão. Estamos discutindo sobre migalhas e fazendo politicagem em cima disso”
Franklin
“Estamos num parlamento. E não devemos confundir a função da Câmara com função da Prefeitura. Só o senhor presidente (Toloi) pode fazer o projeto de estrutura diminuindo um assessor. Se o senhor fizer o projeto, e for unânime, eu sou a favor”.
Toloi
“Eu não vou concordar! Agora é minha fala e, depois da minha fala, ninguém mais fala. Na época em que a Dalva Berto era presidente, ela fez de tudo para diminuir um assessor, no qual o senhor (Franklin) dificultou e não deixou diminuir um assessor. Eu não vou mais abrir a palavra para o senhor”.