Obra de Laura Tomé destaca as riquezas das tradições afro-brasileiras e indígenas
A artista e documentarista valinhense Laura Tomé está prestes a lançar seu mais recente trabalho, um documentário inspirado na figura de Oxumaré, orixá da transformação e renovação. Previsto para estrear oficialmente no dia 3 de dezembro de 2024 na Casa da Cultura de Valinhos, o documentário terá um pré-lançamento online no canal da artista, @lauratomeconta, no YouTube, com uma exibição ao vivo no dia 26 de novembro, às 20h. O lançamento em novembro, em pleno Mês da Consciência Negra, torna o projeto ainda mais especial, ampliando sua relevância ao promover a valorização das tradições afro-brasileiras e da ancestralidade indígena.
Laura Tomé, que tem raízes na Umbanda e uma ligação com povos indígenas, escolheu este orixá como tema central por sua simbologia de ciclos e renovação. “Oxumaré representa uma força que transcende o material e o espiritual, ligando elementos essenciais da minha vida e de uma cultura rica que busca constante equilíbrio e transformação”, conta Laura. A escolha reflete não só sua jornada pessoal, mas também sua vontade de honrar saberes ancestrais.
O processo de produção do documentário trouxe desafios, especialmente no que diz respeito ao alinhamento entre o roteiro e as orientações da espiritualidade de Laura. Ela explica que, durante a criação, precisou reescrever partes significativas do roteiro para respeitar o que lhe foi transmitido durante passes no terreiro. “Essas mudanças exigiam não só sensibilidade, mas uma escuta às orientações espirituais”, afirma a documentarista.
A confiança que Laura estabeleceu com as comunidades indígenas e de terreiros foi fundamental para a realização do projeto. Como praticante da Umbanda, ela conseguiu abordar temas sagrados com o cuidado necessário. “A Lei Paulo Gustavo foi essencial para viabilizar o documentário, especialmente por permitir que pudéssemos remunerar adequadamente as comunidades afro-brasileiras e indígenas, valorizando esses conhecimentos de forma justa”, afirma.
A expectativa é otimista, em relação a maneira como o público de Valinhos receberá o documentário. “Espero que acolham com abertura e curiosidade, refletindo sobre a riqueza das religiões afro-brasileiras e a presença ancestral indígena”, diz ela. A intenção é que o filme seja um convite à reflexão sobre a diversidade cultural e religiosa.
O documentário conta com entrevistas de yalorixás, figuras indígenas e pesquisadores, que trazem diferentes perspectivas sobre o papel de Oxumaré e a importância das culturas afro-brasileira e indígena no Brasil.
Em relação aos próximos passos, Laura planeja continuar seu trabalho como coordenadora do projeto Kurumi, onde ministra oficinas sobre cultura indígena, e seguir produzindo mini documentários focados na cultura afro-brasileira. Sua missão, segundo ela, é ser uma facilitadora e educadora para o antirracismo, inclusive contra o racismo religioso. “Acredito que, através da arte, posso contribuir para uma sociedade mais inclusiva e consciente das diversidades culturais”, conclui.