Nasci em 1967, plena ditadura. Meu avô materno já havia falecido. Dele, entretanto, ouvi inúmeras histórias de sua trajetória, em especial a política. Nascido em 02 de novembro de 1892, em São Paulo capital, José da Silva Pinto, aos 13, já fazia parte do quadro da “Companhia Mogyana de Estradas de Ferro”, em Campinas.
Em 1922, época da legalização do Partido Comunista do Brasil, os ideais políticos de meu avô, consciente de sua classe, se identificavam com o partido. Por influência, sua primogênita, Véra da Silva Pinto, nascida em 16 de agosto de 1911, foi eleita suplente à Câmara Municipal de Campinas, pelo Partido Comunista e se tornaria a primeira mulher vereadora da cidade em 12 de junho de 1948, ao lado de outros 29 representantes do legislativo campineiro — todos homens.
Sempre achei que minha mãe fosse comunista, mas devo ter me enganado: um dos traumas que ela carrega vem da imagem de meu avô preso, condenado a 8 meses por ter sido considerado agitador na grande greve da Mogiana de 1948, época em que o Partido Comunista foi extinto por decreto e minha tia perdeu seu mandato.
Ora vejam, quis o tempo que minha mãe conhecesse um jovem soldado da antiga Força Pública de São Paulo — atual PM —, que se tornaria meu pai.
Em 1964, minha mãe que sofrera pelo pai perseguido e preso pelas forças policiais em 1948, rezava pela segurança de seu futuro marido, aquartelado no QG da Força Pública na capital, pronto para atuar em defesa do golpe que implantou a ditadura no país. Meu avô e minha tia certamente se reviraram em seus caixões.
Tentei explicar em poucas palavras, que nem sempre foi fácil falar sobre política na casa onde cresci. Ainda não é. Só não moro mais lá.
Meu primeiro voto deu-se na primeira eleição direta pós-ditadura em 1986, e eu ainda não sabia bem o que fazer. O bipartidarismo — Arena e MDM – 1965 até 1979 — ainda ecoava nas conversas políticas. Lembro que para governador votei em Orestes Quércia (PMDB) e para deputado federal em Lula. Não me recordo dos outros.
Contei essas coisas porque estou certo de que ter o direito ao voto é um algo que não quero perder jamais.
Se você está apto a votar, faça-o! Não renuncie a isso! Vote consciente!