Dias desses li um artigo da colega Rose Sima Schich sobre um tema muito interessante, a “escuta ativa”, e seduzido pela argumentação, resolvi trazê-lo à consideração dos meus leitores.
A autora é advogada e mediadora de conflitos e trabalha junto ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e em mediações privadas. Quando finaliza um caso, ou seja, uma medição em que prestou os seus serviços profissionais, analisa como foi possível auxiliar na sua resolução e levar paz e felicidade aos envolvidos emocionalmente.
Sem abrir mão do seu conhecimento jurídico e do seu entendimento sobre as leis que lhe permitem aplicar o direito com essa bagagem que lhe propicia uma visão sobre o certo e o errado, a sensível colega procura em suas mediações as brechas, não aquelas que permeiam os códigos, mas pequenas fendas, aberturas que evidenciam a real essência do ser humano que está buscando solução para os seus problemas. Com essa atitude de ouvinte ativa interage com palavras de conforto e otimismo aos envolvidos permitindo que, muitas vezes, o problema se transforme em algo solucionável.
Mas para isso é preciso saber ouvir. Quase ninguém mais quer ouvir, todos querem falar. Escutar tornou-se uma arte esquecida!
Com efeito. Saber entender o que é dito exige resignação e resiliência. Transportar para o coração as palavras, os sons que entram por nossos ouvidos, cheios de estória, é um procedimento delicado e intenso. É preciso doação. Abrir os canais do entendimento para sentir. E o coração, esse só fala a quem sabe escutar.
Como diz Rose, escuta ativa é uma habilidade que pode ser adquirida e desenvolvida com a prática e significa concentrar-se totalmente no que está sendo dito.
Convém lembrar que esse processo — o de saber ouvir — não existe apenas numa mediação. Ele existe dentro da alma de cada um. É preciso “escutar” a comunicação não verbal. O ouvinte que não compreende um olhar não compreenderá, por certo, uma longa explicação. Porém, um alerta: essa escuta só será eficaz e poderosa, se for genuína. Nesse sentido, é fundamental silenciar para poder ouvir; muito silêncio e escuta; sem críticas nem conselhos. A sabedoria mora no silêncio.
Aos prestarmos atenção nas pessoas, detectamos que grandes seres humanos sempre estão acompanhados de manifestações de humildade. E as condições básicas que fazem alguém ser humilde residem no saber ouvir e saber falar. Basta ser paciente e respeitoso. Quanto mais humilde e respeitoso alguém for, quanto mais ouvir ativamente, maior será sua grandeza.
Devemos praticar a escuta ativa, mudando a nossa postura e permitindo que nossa alma não só escute passivamente, mas realmente escute ativamente, ouça, sempre tendo presente que o importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá!
Adotando essa postura, estaremos comungando com Madre Teresa de Calcutá: “Não podemos, ou devemos, permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz”.