O aumento dos casos de gripe, especialmente causados pelo vírus influenza A, está provocando um crescimento expressivo nas internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em todo o país, sobretudo entre crianças e idosos. O alerta foi emitido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do boletim InfoGripe.


De acordo com o levantamento, o influenza A já é a principal causa de mortalidade por SRAG entre idosos, superando inclusive a Covid-19. A doença também figura entre as três principais causas de óbitos por síndrome respiratória grave em crianças.
O cenário é particularmente crítico no estado do Rio de Janeiro, que já registra pressão sobre a rede pública antes mesmo da chegada oficial do inverno. Em 2025, o estado somou 4.492 hospitalizações por SRAG. Como resposta, o governo fluminense abriu 85 novos leitos pediátricos, voltados principalmente ao tratamento de bronquiolite — complicação comum em crianças infectadas por vírus respiratórios.
Em todo o país, a situação é igualmente preocupante. Segundo a Fiocruz, já foram notificados 56.749 casos de SRAG em 2025. Desses, 46,5% tiveram resultado positivo para algum vírus respiratório, 38,5% foram negativos e 8,7% ainda aguardam confirmação laboratorial. Entre os casos positivos, 55,3% foram causados pelo vírus sincicial respiratório (VSR), 30,1% pela influenza A, 16,1% por rinovírus e 2,6% por Sars-CoV-2 (Covid-19). No total de óbitos confirmados por vírus respiratórios, a influenza A representa 63,7%.
O boletim também destaca que 14 capitais brasileiras estão em nível de alerta, risco ou alto risco, com tendência de crescimento de casos: Belo Horizonte, Boa Vista, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Manaus, Natal, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Teresina e Vitória.
A pesquisadora Tatiana Portella, do InfoGripe, alerta que a mortalidade por SRAG entre crianças pequenas já se aproxima da observada entre idosos. “A principal causa de morte por SRAG entre os idosos é a influenza A, seguida da Covid-19. Já nas crianças, o VSR lidera, seguido por rinovírus e influenza A”, explica.
Ela reforça a importância da vacinação contra a gripe, disponível gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), especialmente para os grupos mais vulneráveis: idosos, crianças, gestantes, puérperas, imunossuprimidos e profissionais da saúde e da educação.
Além disso, o uso de máscaras é recomendado em ambientes com aglomeração e em unidades de saúde, principalmente por pessoas que apresentarem sintomas respiratórios. “A vacina é a ação mais eficaz para evitar hospitalizações e mortes”, reforça Tatiana.
Atualmente, 15 estados brasileiros apresentam níveis de SRAG classificados como de alerta, risco ou alto risco, com tendência de crescimento nas últimas semanas: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
Outros oito estados estão no mesmo patamar de alerta, porém sem tendência de alta de longo prazo: Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Sergipe e Rio Grande do Norte.
Diante da situação, os especialistas da Fiocruz destacam que a vigilância, a vacinação e a adoção de medidas de prevenção são essenciais para conter o avanço da SRAG e evitar um colapso no sistema de saúde com a chegada do inverno.