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Brasil: país sem memória!

O escritor tcheco Milan Kundera (1929-2023), dizia que “o primeiro passo para liquidar um povo é apagar sua memória. Destrua seus livros, sua cultura, sua história. Então peça para alguém escrever novos livros, fabricar uma nova cultura, inventar uma nova história. Em pouco tempo, essa nação começará a esquecer o que é e o que foi”.

                No Brasil nunca foi valorizado o nosso passado, a nossa memória, a disciplina histórica. Tanto assim, que as faculdades de história, por exemplo, só começam no país no século XX, evidenciando que a falta de prestígio da história é histórica, como atesta a historiadora Marina Gama Cubas.

                Essa total falta de interesse pela preservação da memória vem sendo uma constante característica do comportamento da sociedade e daqueles que gerem as políticas públicas. Em Minas Gerais, por exemplo, destroem casarões do século XVIII para fazer estacionamento, supermercado. No Rio de Janeiro ergueram o Museu do Amanhã, gastando uma fábula de dinheiro, quando havia necessidade de restaurar uma série de salas do Museu Nacional, devoradas pelo incêndio provocado pela falta de manutenção desse importante edifício que abrigava mais de 20 milhões de itens, muitos dos quais agora carbonizados. O descaso com a preservação do prédio que abriga o Museu Nacional, que assistiu momentos cruciais na história do País, — onde foi assinada a declaração da Independência do Brasil e, mais tarde, abrigou a reunião dos republicanos que definiram a primeira Constituição, de 1891 — e o seu rico acervo, é um exemplo que não pode ser repetido.

                E temos que admitir, embora com muita tristeza, que a responsabilidade do incêndio no Museu Nacional é de toda a sociedade brasileira, que não valoriza sua memória. Caso contrário, o seu prédio estaria muito bem cuidado, preservado e munido de dispositivos contra incêndio.

                Outras situações que são negligenciadas dizem respeito à nossa colonização, aos nossos primeiros e primitivos habitantes, ao período da escravidão, à implantação do regime imperial. As escolas baniram dos seus currículos a história desses espaços de tempo que constituíram a formação da nação brasileira.

                Não podemos esquecer que “um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.” (Citação provavelmente devida ao escritor e filósofo George Santayana).   

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