A Maternidade de Campinas, após completar 110 anos de fundação em 2023, enfrenta um desafio monumental, preservar seu funcionamento, apesar de uma dívida expressiva estimada em R$ 100 milhões. Este desafio torna-se ainda mais complexo dadas as responsabilidades cruciais que a maternidade desempenha na comunidade. Com 232 leitos, 977 colaboradores e 552 médicos, ela é responsável por cerca de 750 partos por mês, o equivalente a metade dos partos na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Outro dado impactante é que 60% desses nascimentos envolvem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
O hospital opera sob o princípio de uma organização sem fins lucrativos, no entanto, nas últimas duas décadas, acumulou dívidas consideráveis. Isso é atribuído, pela maternidade, à defasagem na tabela SUS. A verba que a unidade recebe do SUS por cada atendimento não é suficiente para cobrir os custos.
A maternidade enfrenta um déficit substancial a cada procedimento, uma vez que o valor repassado pelo Ministério da Saúde e pela Prefeitura de Campinas não cobre os custos reais. Para contextualizar, um parto custa cerca de R$ 2.500, porém, o repasse do SUS totaliza apenas R$ 1.388. Isso significa um déficit de R$ 1.112 por procedimento.
Um dos desafios significativos para a Maternidade de Campinas é sua função crucial como referência regional em gestações de alto risco e unidades de terapia intensiva. O hospital mantém 18 dessas unidades exclusivamente para pacientes do SUS. Ainda assim, a unidade não recebe repasses governamentais suficientes para cobrir as despesas associadas a esses serviços. O custo diário de uma UTI Neonatal é estimado em cerca de R$ 3.000, mas a maternidade recebe apenas R$ 1.600 do SUS.
A maternidade desempenha um papel fundamental na atenção materno-infantil do SUS Campinas, com dois em cada três partos da rede municipal de saúde realizados por ela. O prefeito Dário Saadi enfatizou a importância da unidade para o atendimento materno-infantil do SUS Campinas e afirmou que a prefeitura tem se esforçado para fortalecer ainda mais a maternidade.
Além disso, em agosto deste ano, o Ministério Público (MP-SP) e a Maternidade de Campinas assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta para abordar as melhorias necessárias após um surto de diarreia e a morte de dois bebês na UTI neonatal. O acordo impõe penalidades à maternidade em caso de descumprimento dos termos estabelecidos.
Essa é uma batalha crucial para preservar uma instituição vital para a saúde materno-infantil em Campinas.