Alto consumo e estiagem colocam pressão sobre o Sistema Cantareira e acendem sinal de atenção em Valinhos

Cantareira opera em nível crítico após queda de 45% nas chuvas

Crise hídrica no Cantareira expõe um problema estrutural que vai além do regime de chuvas: o consumo excessivo da população

O Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo e parte do interior do estado, enfrenta um dos períodos mais críticos dos últimos anos. Com chuvas 45% abaixo da média histórica entre janeiro e março de 2025 — apenas 284 milímetros frente aos 519 mm registrados no mesmo período de 2024 —, o volume de água armazenado caiu drasticamente. No fim de maio, o sistema operava com 53% da capacidade, 17 pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo mês do ano anterior.

A estiagem prolongada, aliada à vazão de retirada que permanece alta — média de 32 mil litros por segundo — e à baixa reposição natural dos mananciais, com apenas 36% das chuvas previstas em maio, manteve o sistema na faixa de atenção, segundo o Cemaden e a Sala de Situação do Estado. A crise hídrica no Cantareira expõe um problema estrutural que vai além do regime de chuvas: o consumo excessivo da população.

Em Valinhos, os dados do DAEV e do SNIS mostram que o consumo diário por habitante varia entre 163,5 e 180 litros — números bem acima dos 110 litros recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e da média nacional, estimada em 150 litros. Embora o município esteja com os mananciais em situação estável, abastecidos principalmente pelo Rio Atibaia (50,6%), pelas represas municipais (38,7%) e por poços profundos (10,7%), especialistas alertam que a estabilidade atual pode não se sustentar diante de um segundo semestre mais seco.

Projeto propõe uso inteligente da água da chuva

Atento ao cenário, o vereador Fábio Damasceno apresentou o Projeto de Lei nº 138/2025, que cria a Política Municipal de Captação, Armazenamento e Aproveitamento da Água da Chuva. A proposta prevê a obrigatoriedade de sistemas de captação em novas construções com mais de 400 m², campanhas educativas e parcerias com universidades para desenvolver soluções acessíveis, além de incentivos à adoção da tecnologia em áreas vulneráveis. O objetivo é reduzir o consumo de água potável em usos não essenciais e preparar Valinhos para os desafios hídricos do futuro. O projeto está em análise nas comissões da Câmara Municipal.

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