Autora fala que sua inspiração para criar histórias para crianças são os próprios pequenos
Em comemoração ao Dia do Livro Infantil (18 de abril), tivemos o privilégio de entrevistar Cibele Madai Valderramas Ignácio, uma figura inspiradora de Valinhos, moradora do bairro Lenheiro. Professora, Cibele é também uma talentosa escritora de contos infantis, cuja jornada criativa é profundamente enraizada em sua própria infância e na sua interação com crianças e co-autora do livro infantil “Sinto o que conto, contos que sinto”.
“Desde pequena eu tinha muito interesse pela leitura. Minha avó e meus pais contavam muitas histórias para mim, tanto histórias da nossa família quanto contos de fadas e outras populares como as do Pedro Malasartes (minha avó contava todas). Eu sempre pegava livros na biblioteca da escola pública onde estudava e devorava gibis quando ia na casa do meu tio. Consequentemente, na escola e fora dela, eu peguei gosto por escrever histórias, imaginadas ou do meu próprio dia-a-dia”, relata Cibele sobre o inicio do seu contato com a literatura infantil.
Cibele fala que sua inspiração para criar histórias para crianças são os próprios pequenos. “Fui uma criança com muita imaginação. Às vezes eu assistia a um filme ou desenho e imaginava uma continuação com novo enredo e personagens… Ia escrevendo e desenhando. Hoje, meus alunos e meus filhos, no jeito simples e sensível de observar o mundo, dão muitas ideias para escrever!“.
A entrevista fala que tem apenas um livro infantil publicado e muitas histórias prontas esperando uma oportunidade para de serem lançadas. “O conto “O menino e o medinho” foi inspirado em uma aluna que tive em uma sala de alfabetização, mas também na minha própria infância Eu era uma criança muito medrosa e muitas vezes isso me impedia de ter várias vivencias”, diz a autora.
Ao desenvolver uma nova história infantil, Cibele mergulha no mundo da imaginação, visualizando cenários, personagens e desfechos antes de colocar as palavras no papel. Para ela, é essencial resgatar a essência infantil e escrever com esse olhar puro e descomplicado. No entanto, enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito à publicação de seus livros, dada a alta despesa associada à edição no Brasil.
A entrevistada destaca a importância da literatura infantil no desenvolvimento das crianças, destacando como as histórias podem ampliar o repertório linguístico e oferecer ferramentas para lidar com conflitos internos e externos. “Minha história, por exemplo, fala de um menino que aprendeu a guardar o medo em uma caixinha e só pegar para protegê-lo. Em muitas escolas onde fui fazer a contação da história, fizemos um “medinho” com massinha e as crianças guardaram em um potinho plástico e aquilo para elas foi muito simbólico. A história permitiu a essa criança, entender de forma concreta um sentimento abstrato e visualizar uma estratégia para controlá-lo”, explica a escritora.
Ao discutir os desafios atuais na publicação de livros no Brasil, Cibele destacou os altos custos envolvidos, juntamente com o tempo necessário para obter um retorno financeiro. Ela ressaltou também a importância de considerar a estética do livro e sua adequação à faixa etária do público infantil. Segundo ela, uma história repleta de simbolismos pode ser difícil de ser compreendida por crianças em fase inicial de alfabetização, assim como uma narrativa sem um desfecho satisfatório. A escolha do tipo de letra também desempenha um papel crucial na acessibilidade e compreensão da obra pelas crianças.
Quando questionada sobre suas obras favoritas, Cibele mencionou seu conto publicado “O Menino e o Medinho”. Além disso, revelou sua aspiração em publicar outras histórias, como “No Tempo em que os Relógios Roubavam as Mães”, que narra a história de uma mãe cuja essência é gradativamente drenada por um relógio mágico, e “A Menina e o Ribeirão”, uma poesia nostálgica sobre sua infância vivenciada às margens de um ribeirão em Santa Cruz do Rio Pardo.