Sem papas na língua, e muito menos sem a pretensão de agradar ninguém, nosso colega de profissão, Nelson Rodrigues, deixou registrado tantas reflexões pertinentes e provocadoras, que daria pra fazer um calendário do tipo do Seicho-No-Ie só dele. Mas, dentre elas, esse crítico tão sagaz e implacável tem uma frase específica bem conhecida que, não à toa, tem ‘rodado’ bastante. E é esta:
“Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos”.
E nada como um período eleitoral para fazer emergir a idiotice, a breguice, a ignorância e o que há de mais miserável numa sociedade com espírito de porco como a nossa. E que nos perdoem os reais suínos pela expressão. Pois é numa eleição que se torna mais evidente como a nossa elite do atraso – a do quanto pior, melhor – gera e se beneficia de uma débil e sarnenta imbecilidade coletiva. Termo que dá título a este editorial inspirado justamente em uma lamentável publicação de um notável imbecil.
Detentores do poder, os corporativistas têm o pão na mão. Uma massa que incha para alimentar uma massa que só incha. Sem nutrição. Assim, os mais endinheirados movimentam suas marionetes-candidatos que jogam migalhas no lago das carpas famintas e cada vez mais desmioladas por viver só de miolo.
Nesta época em que temos que abrir mão da evolução pra dizer o óbvio, conviver com “gente” que prolifera o caos, que não se vacina, não tem modos, nem educação, e não renova a própria CNH (página 4), que possamos seguir trabalhando. Sempre ao lado do conhecimento, da ciência e fazendo o jornalismo sério.