

O governo do Irã anunciou oficialmente, nesta quarta-feira (2), a suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU) responsável pelo monitoramento do uso pacífico da energia nuclear no mundo. A decisão foi ratificada pelo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, após ser aprovada pelo Parlamento do país na semana passada.
A medida ocorre em meio a uma escalada de tensões no Oriente Médio. Nos últimos dias, o Irã foi alvo de ataques atribuídos a Israel e aos Estados Unidos, que atingiram instalações nucleares sensíveis. Em resposta, o governo iraniano afirmou que não pode mais garantir a segurança dos inspetores da AIEA, o que inviabiliza a continuidade da cooperação técnica com o órgão.
“Não é razoável esperar uma colaboração normal com a AIEA enquanto a segurança dos seus inspetores está em risco”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmaeil Baghaei.
Capacidade nuclear intacta
O chefe da AIEA, Rafael Grossi, declarou no sábado (28) que os ataques causaram danos “graves, mas não totais” às instalações iranianas, contradizendo o presidente dos EUA, Donald Trump, que havia sugerido que o programa nuclear iraniano teria sido totalmente neutralizado.
“Francamente, não se pode afirmar que tudo desapareceu e que não há nada lá”, disse Grossi, destacando que o Irã ainda tem capacidade para retomar o enriquecimento de urânio em “questão de meses”.
A suspensão da cooperação marca uma mudança drástica na política externa iraniana e acende o alerta internacional sobre uma possível reativação do programa nuclear com fins militares — preocupação central dos acordos firmados anteriormente com a AIEA e as potências ocidentais.