Ordem do Mérito Cultural volta a ser entregue e marca reabertura do Palácio Capanema no Rio

Após seis anos suspensa, a Ordem do Mérito Cultural (OMC) voltou a ser concedida a personalidades e instituições que se destacaram na promoção da cultura brasileira. A cerimônia, realizada na noite desta terça-feira (20), também marcou a entrega oficial da reforma do Palácio Gustavo Capanema, um dos principais símbolos da arquitetura modernista brasileira, no centro do Rio de Janeiro.


Foram 111 pessoas e 14 instituições homenageadas, em reconhecimento a suas trajetórias e contribuições à cultura nacional. A premiação foi conduzida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra da Cultura, Margareth Menezes.

Três graus de condecoração

As comendas foram entregues em três categorias:

  • Grã-Cruz (41 homenageados) – para personalidades de destaque nacional ou internacional;
  • Comendador (33) – para contribuições relevantes em suas áreas;
  • Cavaleiro (37) – para reconhecimentos significativos.

Entre os agraciados estão a atriz Fernanda Torres, o cineasta Walter Salles e o escritor Marcelo Rubens Paiva, cujo filme Ainda Estou Aqui, inspirado em livro homônimo, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional. Ao receber a honraria, Paiva relembrou os pais Rubens e Eunice Paiva: “Quem está aqui é a memória”.

Participação popular e diversidade cultural

A escolha dos homenageados teve participação popular, com mais de 11 mil indicações recebidas em apenas 10 dias. A análise foi realizada por uma comissão técnica e submetida ao Conselho da Ordem.

Foram reconhecidos nomes das mais variadas linguagens artísticas: da música ao audiovisual, passando por culturas populares, urbanas, literatura, artes cênicas e fotografia.

A cantora e deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP) afirmou estar emocionada com a homenagem e com a devolução do Palácio Capanema à população. “Eles tentaram nos tirar o Palácio, e agora está aí de volta”, disse.

Cultura como resistência

A cerimônia foi marcada por discursos que destacaram a cultura como instrumento de resistência e identidade. O cantor Chico César lembrou o recente período de ataques a artistas. “É importante que as personalidades da cultura sejam olhadas com afeto”, disse.

A escritora Conceição Evaristo ressaltou o simbolismo do momento: “Cada vez que uma mulher negra como eu recebe essa comenda, é uma homenagem a todas as mulheres negras brasileiras”.

O escritor indígena Daniel Munduruku afirmou que “a arte é um instrumento de resistência contra vozes ditadoras”.

A atriz e cantora Zezé Motta sintetizou o sentimento da noite: “A sensação é de que valeu a pena lutar”.

Selos comemorativos e pedido ao presidente

Durante a cerimônia, os Correios lançaram dois selos postais: um em homenagem aos 40 anos do Ministério da Cultura e outro em memória da advogada Eunice Paiva, ativista dos direitos indígenas e esposa do ex-deputado desaparecido Rubens Paiva.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, aproveitou a ocasião para pedir ao presidente Lula que a cidade receba o título de capital honorária do Brasil.

Greve e reivindicações

Do lado de fora do Palácio, servidores do Ministério da Cultura, em greve desde 29 de abril, protestaram por melhorias no plano de cargos. A ministra Margareth Menezes afirmou que a pauta está em análise no Ministério da Gestão e Inovação e reiterou que a reivindicação é justa.

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