

Número de casamentos homoafetivos em Valinhos ainda é baixo, com apenas 5 casais no primeiro semestre de 2023
Apesar dos avanços na legislação brasileira em relação aos direitos LGBT+, a baixa procura pelo casamento homoafetivo em Valinhos (cerca de 10 por ano, segundo o Cartório da cidade) indica que ainda há barreiras sociais a serem superadas. A conscientização e a promoção da igualdade de direitos podem ser fatores fundamentais para o aumento desses casamentos e para a inclusão plena da comunidade LGBT+ na sociedade valinhense. Por isso, conversamos com Marcelo Yoshida, de 37 anos, e João Roberto Bissoto, de 30 anos, que tomaram a decisão de oficializar sua união em meio a um cenário político conturbado. O casamento ocorreu em 5 de dezembro de 2018, em Valinhos, onde residem atualmente.
A escolha de se casar veio após um ano de convivência, quando Marcelo e João já compartilhavam o mesmo lar. A motivação para a oficialização do casamento foi influenciada pelas eleições presidenciais de 2018 e pelo crescente conservadorismo no Congresso Nacional. O casal temia um possível desmonte das políticas públicas e a perda de garantias de direitos para a população LGBT, incluindo o casamento civil, que foi conquistado apenas por meio de uma decisão judicial.
A experiência do casamento em si foi marcante para Marcelo e João. O ato de assinar os documentos no cartório contou com a presença de seus familiares, que testemunharam a união. O casal relata que o cartório foi receptivo e não encontraram nenhum problema durante o processo. Todos os procedimentos foram bem explicados e orientados pelos funcionários do estabelecimento. A participação da família foi fundamental nesse momento tão importante para o casal. Os familiares de ambos compreenderam as preocupações relacionadas ao atual contexto político e apoiaram integralmente a decisão da união. Estiveram presentes tanto no cartório quanto na comemoração, demonstrando seu apoio e afeto.
Marcelo acredita que o receio de formalizar a união no cartório seja um dos principais fatores que contribuem para a baixa procura no município. Ele menciona a existência de preconceito velado na cidade. No entanto, o casal ressalta que, em Valinhos, o processo foi tranquilo e sem problemas. Yoshida acredita que cada vez mais casais estão buscando reconhecimento como entidades familiares, lutando por direitos e estabilidade. Ele destaca que muitas pessoas já se viam como entidades familiares no passado, mas a garantia legal e igualitária de direitos é fundamental. Exercer o direito ao casamento permite a conquista de outros benefícios, como adoção conjunta, inclusão como dependente entre outros.
Já Iara Lage, de 36 anos, e Rachel Pinheiro, de 46, celebraram seu casamento em uma cerimônia emocionante no dia 23 de fevereiro de 2019. O casal, que reside na cidade de Valinhos, também decidiu formalizar a união devido às incertezas políticas e receios de retrocesso nos direitos civis conquistados pela comunidade LGBT+.