O programa denominado Desenrola Brasil, criado para facilitar o pagamento das dívidas dos brasileiros e anunciado amplamente nos últimos dias, tem como um dos objetivos fazer com que as pessoas tenham seus nomes retirados das restrições de crédito, ou seja, voltem a ter o seu nome “limpo”. A intenção de ajudar as pessoas, na minha opinião, não ataca as causas principais do endividamento e ainda dá um benefício fiscal para quem não precisa, para os bancos.
Outra intenção é de que tais pessoas após limparem o nome voltem a consumir, e assim incentivaria a economia. As causas do endividamento são várias, a falta de educação financeira, os juros altos, a inflação, o desemprego. Só tirar o nome dos órgãos de proteção ao crédito não resolve o problema a longo prazo e ainda incentiva o consumo, que pode trazer um problema futuro, de criar novas dívidas.
Já é quase de conhecimento público que se você não pagar sua dívida com o banco, primeiro ela vai crescer absurdamente, principalmente se for ela for de cheque especial e cartão de crédito, mas depois de algum tempo, os bancos em geral aceitam um valor bem menor à vista. Por que isso acontece?
Depois de algum tempo, o banco é obrigado a contabilizar o valor daquela dívida como prejuízo. Depois disso, qualquer valor que entrar para ele é vantagem. Interessante que mesmo com o grande percentual de endividamento da população e muitos estarem sem crédito, os bancos continuam tendo lucros absurdos.
Na minha humilde opinião, quem tem alguma dívida e está com o nome restrito, precisa fazer uma autoanálise profunda dos motivos que levaram a se endividar. Culpamos o governo, os juros, os bancos, a economia em geral. Às vezes estar com o nome sujo significa estar protegido. Sim, protegido de você mesmo, porque nossa situação financeira tem muito a ver como é nossa relação com o dinheiro.
Se você está numa situação dessa (endividado, com nome restrito) antes de fazer qualquer acordo, faça essa auto avaliação. Que você tome a melhor decisão pensando não só no hoje, mas no seu futuro também.