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Sua tolerância nas relações pessoais é alta?

Lutadores em seus treinos se utilizam de vários adereços para melhor desenvolvimento. Um deles é o conhecido saco de pancadas. Dele se utilizam praticante de artes marciais das mais diversas. Nesse saco de pancadas são desferidos golpes com enorme intensidade para se fortalecer os músculos de braços e pernas e (o nosso foco nesse artigo) é descarregado através de golpes emoções, como de raiva, rancor, ódio, vingança por um possível adversário.

É como se esse saco de pancadas fosse o tal adversário e nele são desferidos golpes duros como uma descarga emocional, como um objeto que permite ao lutador colocar para fora fortes emoções negativas para, quem sabe, se sentir mais leve, em paz consigo… Até quando não sei.

Esse artigo vai convidar você a pegar o exemplo de lutadores, do saco de pancadas e das relações socioemocionais. Você aceita refletir junto a mim sobre essa temática? Ótimo, então vamos a ela.

Que tal trocarmos aqui o lutador por uma pessoa qualquer e o saco de pancadas, por outra pessoa qualquer. As emoções mencionadas acima permanecerão nesse artigo. Você já se deparou com cenas nas quais uma pessoa briga com outra indefesa (indefesa tal como o saco de pancadas que permanece imóvel a mercê do lutador)? Já presenciou não necessariamente agressões físicas, mas as mais comuns sendo as emocionais/ verbais, como humilhação, alteração no tom de voz, palavrões, intimidações e afins? Pois é, isso é mais comum do que pensamos, podendo ocorrer em qualquer relação, desde pessoas estranhas que literalmente se estranham, até em ambientes de trabalho e relacionamentos familiares, entre casais.

O lutador descarrega sua energia represada ali, naquele saco de pancadas, assim também, uma pessoa do cotidiano pode vir a explodir descarregando seu estresse em outra pessoa que esteja próxima a ela, e isso pode acontecer principalmente entre pessoas com forte grau de intimidade, como entre pais e filhos e casais.

Já imaginou viver uma relação onde você é o saco de pancadas? Você faz de tudo para a relação funcionar bem, de maneira romântica, leve, alegradora, mas o companheiro, ou a companheira não colaboram e voltam do trabalho estressados, descarregando todas as emoções represadas naquele dia, e o pior é quando isso não é esporádico, mas sim rotineiro! Como seria para você viver em um ambiente assim? Você, filho, filha vendo seus pais descarregarem toda a insatisfação do trabalho em você? Você, esposa, sendo esse saco de pancadas com agressões verbais e/ ou físicas? Até mesmo você, homem, que pode vir a ser o saco de pancadas na relação sendo o alvo mais fácil, mais acessível para a descarga emocional da esposa? Como seria suportar isso em qualquer relação?

O foco deste artigo é essa passividade nada saudável do saco de pancadas (da pessoa mais fraca, mais acessível, de maior intimidade). Quando alguém explode emocionalmente em agressões verbais e/ ou físicas geralmente são em pessoas de grande intimidade: pais, filhos, cônjuges…

Até que ponto você merece ouvir aquilo todo santo dia sem poder se manifestar sobre possíveis causas dessa descarga emocional? Até que ponto vale a pena você não poder ajudar porque a outra pessoa não aceita ouvir sugestões, opiniões, refletir?! Talvez caiba aqui o famoso “amor próprio” no qual você pare de dar seu máximo e não receber reconhecimento nenhum pelo que faz.

Delicado refletir sobre isso, principalmente quando nos enxergamos como sendo esse saco de pancadas… “- E se eu seguir minha vida deixando essa pessoa? Ela irá se sentir sozinha? Ela se sentirá abandonada? Eu serei culpado (a) se acontecer algo com ela, uma vez que tenho ciência do desequilíbrio emocional que ela vem vivendo!”.

Talvez sejam essas algumas indagações que você possa vir a se fazer, titubeando na hora de tomar alguma decisão, e assim, continue ali, paralisado, recebendo as pancadas, as agressões, sendo o alvo mais acessível para ser descarregado todo o estresse de um dia turbulento no trabalho (quem dera se fosse um dia, mas geralmente torna-se rotina). Parece um efeito dominó, onde vários estão de pé e você empurra o primeiro, fazendo com que um acerto o outro… Assim também é o efeito do estresse, se não racionalizado, você recebe de alguém e se não pode devolver (por medo de perder o emprego, por exemplo) a pessoa engole, e descarrega ao chegar em casa em quem esteja em sua frente.

O que seria do lutador acostumado a ter em sua rotina, a sua disposição se deparar sem o saco de pancadas? Ela (a pessoa estressada) iria descarregar onde? Em quem toda a carga de estresse? Vale lembrar que represar emoções negativas, densas faz mal e podem ser o início para desencadear doenças psicossomáticas, mas a melhor maneira de se livrar delas certamente não é agredindo o ente querido mais próximo de você. Reflita sobre essa temática, espero que ela lhe ajude a parar e refletir sobre seus mais diversos relacionamentos interpessoais e socioemocionais. Um grande abraço.

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