Quatro gerações de trabalhadores na Rigesa, patriarca de quatro filhos, oito netos e seis bisnetos, Sebastião Maria tem um extenso legado de contribuições à cidade
Sebastião Maria é história dentro da história. Esta, se funde com Valinhos, cidade que tanto ama, viu e contribuiu para se desenvolver. Ao longo de mais de oito décadas de pujante vida, estudou administração, trabalhou em uma das empresas mais simbólicas do município, no qual também atuou no poder público do Legislativo e Executivo, e também escreveu suas memórias locais.
Por tudo isso, o Jornal Terceira Visão fez esta entrevista com este distinto cidadão valinhense.
Bisavô realizado
Sebastião Maria está com 83 anos. É filho de Ricardo Maria e Helena Pedral Maria. Casado com Darcy Maria Donadelli Maria, ele tem quatro filhos: Glaucia, Adriana, Fernando e Daniele. Também tem oito netos: Gabriel, Thiago, Felippe, Juliana, Luana, Eduardo, Guilherme e Clara. Além de seis bisnetos: Bianca, Olivia, Gabriel, Luiza, Pedro e Samuel.
Seu pai é de São Carlos, cidade em que Sebastião nasceu. Seu Ricardo cuidava de uma fazenda e se mudou com a família para Valinhos em 1942, indo trabalhar na Fonte Sônia. Sua mãe é sergipana, nascida no distrito de Providência, em Itabi. “Ela veio para São Paulo fugida do bando de Lampião”, ressaltou.
“Minha esposa conheci no famoso footing da Rua 7 de setembro. Entre namoro e casamento, estamos juntos há 67 anos. Nossa primeira filha, a Glaucia, nasceu quando tínhamos 22 anos”, contou Sebastião que frisou: “A família é a instituição mais importante e preciosa que existe, porque quando você mais precisa é a ela que você recorre”.
Ainda sobre família, Sebastião Maria disse que a experiência de ser avô é dobrada quando você se torna bisavô: “Quando nasceu meu primeiro neto, o Gabriel, escrevi um artigo no jornal e as pessoas choravam ao ler. Eu me considero realizado porque tenho uma família de sucesso. O que mais inspira na vida é o amor ao próximo e a convivência com minha família”.
Estudos
Ele contou que fez o curso primário no grupo escolar professor Antonio Alves Aranha, depois o ginásio Lencastre, em Campinas, e Administração na Esan – Escola Superior de Administração de Negócios. “Minha infância foi toda vivida em Valinhos, nos arredores da Rigesa, onde morava. Minha juventude também foi vivida por conta da empresa”, considerou.
Quatro gerações na Rigesa
Como todo jovem dessa época, as dificuldades foram grandes para trabalhar, estudar e ajudar a família. “Meu primeiro emprego foi na Rigesa, em 1954, onde fui admitido como office boy e permaneci por 42 anos. Me aposentei no cargo de gerente de serviços de marketing, expedição, transportes e exportação”, detalhou.
Seu pai já havia trabalhado na empresa por 28 anos. “Meu filho, Fernando, está na empresa há 35 anos como gerente de vendas. Tenho um neto, Felippe, que trabalhou 5 anos. Então, são quatro gerações da minha família a serviço na Rigesa. Na empresa, fundei também o jornal interno: O Rigeseano. Dirigi ainda o clube da empresa, onde realizamos bailes e carnavais que ficaram na história”, orgulha-se Sebastião.
Seu sonho profissional foi conseguido na Rigesa, onde alcançou posição de comando, sendo eleito, em 1982, o gerente mais ativo, tendo como prêmio uma viagem de 30 dias aos Estados Unidos com a esposa.
Primórdios da política valinhense
“Comecei bem cedo na política, pois, ainda jovem, fui presidente da comissão municipal de esportes, equivalente hoje à Secretaria de Esportes, no governo do primeiro prefeito de Valinhos, Jeronymo Alves Correa. Fui eleito vereador na 3ª legislatura, tendo como companheiros de Câmara os saudosos José Spadaccia, Aurelio Oliveira, Ivo Evangelista, Orestes Previtale, Jacob Turcatti entre outros. Meu grande incentivador foi o prefeito Jerônimo Alves Correa” relembrou.
Sebastião Maria também contou que o convite para ser chefe de gabinete partiu do então prefeito, Marcos José da Silva, de quem era amigo. “Nessa época, eu era sócio proprietário da Gerisa indústria de embalagens, juntamente com os amigos José Pedro Parisoto e José Vicente di Salvi”, pontuou.
“Também pude contribuir na cidade como irmão na Santa Casa de Misericórdia, presidente do clube da Rigesa, onde recebi medalha de ouro do SESI como melhor presidente de clube de empresa da região metropolitana de Campinas”, garantiu. Sebastião também foi presidente do Lions Clube de Valinhos, presidente do Conselho Municipal de Direitos do Idoso, três vezes presidente da Comissão Organizadora da Festa do Figo, fundador do Léo clube de castores, que na gestão da filha Daniele como presidente, ganhou do Lions internacional o título de melhor Léo clube do mundo”, orgulhou-se.
Escritor e filantropo
Na carreira como escritor, Sebastião escreveu o livro Pérolas de Valinhos, que ficou esgotado em duas edições. Nele, conta um pouco da história de Valinhos e as experiências vividas na cidade como esportista, político e filantropo.
“Valinhos foi muito importante na minha vida porque foi aqui que consegui tudo que tenho, família, amigos e bens. Minha expectativa para o futuro é ver filhos, neto e bisnetos alcançarem sucesso na vida”, desejou.
As ruínas da perda
Por fim, o cidadão honorário valinhense – título concedido pela Câmara Municipal – fez um doloroso lamento: “Olhando para trás, guardo uma mágoa muito grande quando passo na Rua 13 de Maio e vejo aquele monte de entulhos da demolição da Rigesa”.
Ele disse que, se fosse o prefeito da época, teria pego um avião e ido a Nova York conversar com David Luke lll, presidente do grupo ao qual a Rigesa pertencia, e não teria deixado a empresa sair da cidade. “Perdemos empregos, impostos e uma instituição que ajudava muito o município”, considerou.