Feito o ‘Arnesto’, o JTV convidou o músico do Grupo Versá para um Samba ao vivo
Por Bruno Marques
Nesta semana seguimos com a nova coluna chamada ‘Qual é o Músico?’. E o entrevistado desta edição é o conhecido sambista Fabricio Bizarri, do consolidado grupo do Samba da Tia Rê. Ele esteve no estúdio do Jornal Terceira Visão no fim de maio para uma entrevista ao vivo bem animada. Confira os principais trechos.
Início e formação
“Tenho 38 anos de idade, 35 de Valinhos. Minha família veio para cá em 1988. Meu pai trabalhava na antiga Clark, e morávamos na Vila Marieta, em Campinas. Aí fomos estudar no SESI 404. Então, minha infância e vida toda aconteceu aqui em Valinhos. Estudei também no antigo Dom Bosco, na Rua Itália”.
“Em 1997 fiz aula de violão com o Rinaldo de Paula. Eu tinha um apreço muito grande por samba porque meu pai tinha vários CD’s de Samba, dentre eles, um dos Demônios da Garoa, que tenho até hoje. Eles me marcaram muito pela maneira que interpretavam o Samba. Eles colocavam uma composição de vozes com a 1ª, 3ª e 5ª voz, como a Banda do Brejo fazia, além das introduções com violão de sete cordas. Isso me fascina até hoje”.
“Depois de um ano de aula com o Rinaldo, meu pai me deu um cavaquinho de presente e eu afinava ele como violão. Eu comprava revistinhas nas bancas e tocava na escola e no futebol. E foi lá que conheci o Carlota, o Du, Tiago, o pessoal do Grupo Versá, que na época se chamava Alto Relevo. Eles me chamaram pra compor e começamos a imprimir uma vibe mais de Samba”.
As influências
“Meu pai não toca. Quem tocava era meu avô, Manoel Leite, que, recentemente, completou 101 anos. Ele tocava violão clássico. Ele tem uma composição para cada filho e para cada neto. Os sambistas que mais me influenciaram foram o Adoniran Barbosa, Demônios da Garoa, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Beth Carvalho e Fundo de Quintal”.
“Valinhos contribuiu muito para o desenvolvimento do gênero com seus artistas, grupos e escolas de Samba. Sinto falta do carnaval na cidade. Do começo dos anos 2000 para cá, houve um entendimento de que o carnaval era uma despesa, um gasto. E todas administrações que vieram foram pressionadas a não gastar mais dinheiro com isso”.
“Porém, quando a gente olha os números, o movimento econômico que o carnaval gera na cidade com certeza paga esses gastos e ainda gera empregos diretos e indiretos. Em Valinhos, o carnaval de rua sempre foi, tradicionalmente, muito familiar. Pessoas de outras cidades vinham para curtir o evento aqui. Ou seja, é também uma forma de turismo cultural. Seria muito legal poder voltar, mesmo que seja em formato de blocos”.
Valinhenses Enriquecidos com as Raízes do Samba de Adoniran
“Grupo Versá fez 20 anos no ano passado. O nome veio de versáteis, pois cada um tocava vários instrumentos. Mas o Tiago Lira, amigo nosso, muito inspirado, disse que Versá significava: Valinhenses Enriquecidos com as Raízes do Samba de Adoniran. O grupo teve várias formações ao longo das mais de duas décadas de atividade. No primeiro sábado de agosto vamos fazer um show especial de 21 anos”.
Samba da Tia Rê já passou da marca de 50 edições e começou em 2013, no Bar do Xereré, na Rua Altino Gouveia, onde nos reuníamos uma vez por mês para tocar o que gostamos. Foi crescendo, com cada vez mais gente e mudamos de local. Fomos para a Praça Lions, onde montávamos uma tenda e começamos com a arrecadação de alimentos. Depois fomos para o Parque Municipal e, por fim, para a Valinhos Chopp. E está dando cerca 700 a 800 pessoas. É uma grande oportunidade de convivência.
Tocou
Samba do Arnesto, As Mariposa e Trem das Onze (Adoniran Barbosa), Deixa a Vida me Levar (Zeca Pagodinho).
Veja a entrevista completa com Fabricio Bizarri no canal do Jornal Terceira Visão no Youtube.