Vivemos tempos difíceis esses últimos anos com o grande impacto da pandemia, do COVID, e com tais impactos vieram muitas perdas, materiais, econômicas e principalmente: vidas! Infelizmente conheci pessoas queridas que se foram; pessoas que partiram por conta de tal vírus e seus impactos, impactos que também feriram a alma daqueles familiares que aqui ficaram, causando tristeza, dor e sofrimento. Na pandemia fomos obrigados por cautela e segurança a utilizar máscaras, praticamente todos os lugares exigiam a tal máscara para que as pessoas ali entrassem. Máscaras descartáveis, máscaras de pano, máscaras que escondiam o sorriso, mas que expunham os sentimentos das pessoas principalmente pelo olhar. O corpo fala; o olhar principalmente, ele é revelador…
Atualmente não se é mais obrigado a utilizar máscaras, há quem opte por utilizá-las, mesmo porque os casos de pessoas impactadas pelo COVID diminuíram, ainda são relevantes e constantes, a pergunta que nos fica é: e agora; como conviver sem máscara? Pergunta filosófica, área na qual atuo como professor; me refiro aqui as “máscaras sociais”, essas mesmas que se utiliza em redes sociais, onde almeja-se passar a imagem de uma pessoa bem sucedida, feliz, realizada, satisfeita, uma imagem de pessoa sem dificuldades, sem problemas, com sorrisos… Há quem opte por ser verdadeiro e intenso emitindo no próprio comportamento e expressões verbais o que sente ali naquele dado momento, mas são mais escassos tais pessoas, percebo que a maioria prefere continuar utilizando máscaras, agora as sociais… Vou além em nossa reflexão, tais máscaras já eram utilizadas bem antes de a pandemia vir a surgir e se alastrar pelo mundo. Escrevi um livro intitulado: “Quais curas a pandemia lhe trouxe?”, você teria uma resposta? Houve uma reprogramação mental, de crenças e revisão de valores ou prioridades em sua vida? Houve uma nova forma de enxergar a realidade? Houve uma mudança de postura, de hábitos?
Da máscara de tecido para a máscara social, novidade ou retorno? Não estou aqui para julgar, mesmo porque esse não é o papel da filosofia, o papel dela é estimular o sujeito, o leitor e leitora à reflexão, ao autoconhecimento, não compete ao filósofo ensinar nada, muito menos ditar regras de como se deve viver, agir ou pensar, itens que você encontra em livros de auto-ajuda baratos por aí… Gostaria de convidar você minha querida leitora, meu caríssimo leitor a refletir sobre isso que expus à vocês: quais os ganhos em se passar por outra pessoa, mudando a própria identidade para que não saibam a realidade na qual você vive, nem o que realmente se passa? Seria medo de ser motivo de chacota no seu círculo social? Seria medo de ser menosprezado ou até mandado embora do seu emprego? Seria perder seguidores em suas redes sociais? Ou quem sabe perder a pessoa com a qual você se relaciona afetivamente? O por que esconder a verdade? O que se perde assumindo-a? Você se sente bem em esconder a sua verdade? Talvez tenha bons motivos, tal como poupar pessoas que já sofrem de terem mais dor emocional por você e contigo sofrerem mais ainda… Esse me parece um motivo bastante relevante, a se considerar tal como uma postura empática. Pois bem, as provocações foram várias, espero que, a partir delas, você reflita, sem pressa e chegue você as suas próprias conclusões de como seguir na ‘viagem da vida’, se pretende usar sempre a tal máscara social, ou apenas em ocasiões que julgar pertinente. Um grande abraço.