Após trabalhar na indústria e contabilidade, Heriberto Pozzuto foi vereador em duas gestões e se tornou um dos comunicadores mais conhecidos de Valinhos
Valinhense pé de figo e de família tradicional da cidade, Heriberto Pozzuto é filho de João Pozzuto, que era operário e comerciante. Sua mãe era a dona de casa Luiza Barbi Pozzuto. Aos 66 anos, casado com Neide, pai de Lara e Flávio, e irmão do Antonio, Carlos, João, Fernando, Sérgio e Pedro, hoje ele se destaca à frente do portal de comunicação Pé de Figo.
Entrevistado pelo Jornal Terceira Visão, ele contou um pouco sobre sua história de vida.
Seis vezes heroica Dona Luiza
Heriberto relatou que, logo na infância, teve momentos muito difíceis: “Dona Luiza, minha mãe, também exerceu o papel paterno, pois meu pai faleceu aos 48 anos e ela ficou viúva com seis filhos homens, todos menores”.
Ainda nesse período, ele relembrou que estudou no Dom Bosco e no SESI 102. Ambos ficavam na Rua Itália, que ficava no centro de tudo o que acontecia em Valinhos.
“A vida é assim, ligeira como uma brincadeira”
Ainda sobre o momento de luto em sua vida, o comunicador analisou: “Não nego que a morte do meu pai, após um curto período em que ele sofreu a dor de um câncer que o consumiu, foi um período dramático. Foi uma lição de que a vida é assim, ligeira como uma brincadeira, rápida como um sonho bom. Às vezes traiçoeira, mas boa, irremediavelmente boa. Tem lá suas derrapadas, escorrega aqui, rala ali. Mas é levantar, encarar e viver, plena, alegre e corajosamente”.
A influência do cinema da cidade
Nostálgico, recordou com detalhes de sua fase de adolescência: “Tive o privilégio de curtir os cinemas da cidade. Meu pai fazia bico no Cine da Paz, do Bepe Spadaccia, que também era dono do Cine Saturno. Então, via tudo quanto era filme dos Cangaceiros, Mazzaropi, Cantinflas, Oscarito e muito mais”.
Já na sua juventude, Heriberto contou que ficava no Cine Brasil, circulando entre as cadeiras com os amigos antes do filme começar, consumindo balas de chocolate e tomando água “estupidamente gelada do bebedouro”.
Trabalho, estudo e Vinhedo
Afirmou Heriberto que, os 14 anos, teve seu primeiro emprego. Foi na Clark, que depois virou Eaton. “Fiz mecânica de automóvel no Senai. Ficava um semestre na escola em Campinas e outro no chão da fábrica, na margem da via Anhanguera”, contou.
Ainda sobre os estudos, o comunicador disse que sonhava em estudar Psicologia. “Descobri a importância e o prazer dos livros e, pela obrigação de ajudar minha mãe com as despesas da casa, fui trabalhar no escritório de contabilidade do meu tio, Roberto, em Vinhedo, cidade em que fiz grandes amizades na Comunidade de Jovens, nos grupos de teatro e de estudos políticos. Passei no vestibular da primeira turma de linguística da Unicamp, em 1977, mas não consegui conciliar com o trabalho e acabei cursando Direito na PUCC”, explicou.
PT, candidaturas e vereador por dois mandatos
Na política, Heriberto lembrou que, com apenas 19 anos, foi candidato a vereador na chapa do Luiz Bissoto, que foi eleito prefeito em 1976. “Recebi 488 votos e fiquei na suplência. Depois, com o esgotamento da ditadura militar, veio a abertura política, as Diretas Já, e a construção do PT”, afirmou.
Em 1980, Valinhos ficou entre os primeiros municípios que participaram da fundação do Partido dos Trabalhadores. “Tenho muito orgulho de ter participado da construção do mais importante partido político brasileiro. Fui seu primeiro candidato a prefeito em 1982 e depois eleito vereador em 1988, sendo reeleito em 1992 e novamente candidato a prefeito em 1996”, ressaltou.
Política e Pé de Figo
Perguntado se tem intenção de retornar à política, Heriberto respondeu: “Nunca deixei a política. Exercer a cidadania em plenitude exige a participação nas questões nos vários setores da vida, não precisa obrigatoriamente ser candidato, mas acompanhar, discutir e sobretudo ajudar as pessoas a compreenderem como é importante a consciência de classe e o discernimento político”.
O Pé de Figo foi fundado nas redes sociais em 16 de janeiro de 1993, com o grupo Pé de Figo Sim Senhor, no Facebook. E explicou: “Por que Pé de Figo? Quando o ônibus da Clark, roxo e azul, dirigido pelo Silvio Giardelli e pelo Margihetto, chegava ao Senai, os alunos campineiros gritavam: “lá vem os pés de figo”. Há momentos em que paro e penso se afirmar-se como um “pé de figo” não soa um tanto sectário, xenófobo até, mas quero destacar que o apelido serve a todos os nascidos aqui e também para os que escolheram aqui se instalar, trabalhar, viver e conviver”.
Heriberto considerou que, e a internet tem algo de positivo, talvez a sua maior contribuição foi a democratização dos meios de comunicação: “Hoje não há mais a figura do dono da verdade e da opinião única. E, não tenho dúvida, o Pé de Figo se transformou num importante veículo de comunicação, de opinião, de utilidade pública, de debates e entretenimento”.
Esperança para Valinhos
Por fim, o ex-vereador concluiu: “Olhar para trás e ter algo para ensinar aos filhos e aos mais jovens, com histórias de luta e de participação, é um sopro de esperança de que Valinhos pode ser melhor, superando os retrocessos causados pelo seu conservadorismo exacerbado e, por fim, transformar-se num espaço em que a população seja partícipe da construção de uma cidade mais feliz, em harmonia entre cultura, natureza, trabalho e respeito a todas as pessoas”.